A espera de um filho é permeada por ansiedade e descobertas. Assim que os pais descobrem a gestação começam a fazer planos sobre o futuro do bebê. Porém, em alguns casos, durante o pré-natal, os casais recebem o diagnóstico de que a criança tem alguma deficiência ou doença rara. E ao receberem essa informação, os pais precisam administrar como será o futuro dali em diante, não apenas da criança, mas também da sua relação.
A maternidade atípica, termo usado por mães de crianças com algum diagnóstico, vem somada a muitos mais desafios, pois a vida muda de forma inesperada. Já que a criança passa a necessitar de cuidados específicos, que vão desde terapias, atenção integral, noites mal dormidas e uma preocupação maior com diversas situações que antes não existiam, explica Mariana Bonnás, psicóloga referência no atendimento de mães atípicas.
A profissional ressalta que para que o casal passe por todo esse processo a cumplicidade entre ambos é importantíssima, a fim de que a relação se mantenha estável diante de todas as mudanças. “A base disso é a comunicação, principalmente entre os casais pais atípicos. É muito importante que ambos sempre conversem para saber o que o outro está pensando e também se discuta quais são suas prioridades. Também é necessário, além de comunicar para o outro sobre seus pensamentos, confirme-se os entendimentos. Os diálogos devem ser norteados em “O que você entendeu do que eu falei?” ou “Vou lhe dizer o que entendi do que você me falou” e “me diz se foi isso que quis dizer”. explica Bonnás. Para a psicóloga são essas ponderações que vão contribuir para que o casal esteja alinhado e mais preparado para lidar com os desafios da parentalidade atípica e no seu entendimento como parceiros, além da criação do filho.
Quando não se tem ajuda de um profissional e o relacionamento passa por crises em que o casal não está sabendo lidar, o casamento pode vir a acabar. O acompanhamento nesses casos com um especialista ajuda a fortalecer o vínculo entre o homem e a mulher. Segundo Bonnás, muitos casamentos em que filhos têm algum diagnóstico fracassam quando os diálogos entre ambos não se efetivam.
Bonnás comenta que durante as sessões cada mãe relata algo em relação ao companheiro. Para algumas mães, a divisão de tarefas domésticas é essencial. Outras preferem ser responsáveis por toda essa parte, enquanto o marido se responsabiliza pelo financeiro da família. Porém, o que mais comum entre todas as esposas é a vontade de que os maridos e companheiros, independentemente de outras circunstâncias, assumam seu papel enquanto pais e saibam da importância que o vínculo entre pais e filhos traçará para o futuro de todos.
De acordo com a profissional, para auxiliar os pais que vivem uma parentalidade atípica a se conectarem, durante o atendimento são avaliadas maneiras eficazes de auxiliá-los nos desafios que enfrentam ao longo das suas jornadas, e poder conhecer também mais sobre a realidade de viver diferente do esperado. Mariana Bonnás enfatiza que o casal seja sempre sincero um com o outro sobre o que pensa e deseja, para que tomem decisões assertivas sobre sua família e os papéis de cada um.