Após o anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela dando a vitória ao presidente Nicolás Maduro (51,27¨%) nas eleições deste domingo (28/7), alguns presidentes de esquerda, como da Bolívia e de Honduras, parabenizaram Maduro, enquanto outros chefes de Estado criticaram a lisura do processo.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que sempre foi um apoiador desde que a ditadura começou na Venezuela, e os presidentes da Colômbia e México, todos à esquerda e com laços históricos com o chavismo, não haviam se manifestado sobre o resultado — contestados pela oposição — até a publicação desta reportagem.
O presidente do Chile, Gabriel Boric, crítico de Maduro, disse que não reconhecerá “nenhum resultado que não seja verificável”.
“O regime de Maduro deve entender que esses resultados são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e sobretudo o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigimos total transparência das atas do processo, e que observadores internacionais não comprometidos com o governo atestem a veracidade dos resultados”, escreveu Boric na rede social X.
De Tóquio, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que seu país tem “sérias preocupações” sobre o resultado anunciado.
A Organização Não-Governamental Venezuelana – Provea diz que o “futuro de milhões de pessoas na Venezuela” depende do posicionamento de Lula, já que ele foi o principal fiador de Maduro na promessa assinada no Acordo de Barbados para que a eleição ocorresse de forma justa e transparente – o que sinaliza não ter acontecido.
“O anúncio de resultados que vão em sentido contrário ao vivido pelos venezuelanos nos centros eleitorais aprofundará a crise institucional e derivará em um cenário distinto de uma transição democrática conforme a Constituição e a plena garantia dos direitos humanos”, diz a organização em uma nota emitida minutos depois do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão ligado ao regime chavista, proclamar a vitória de Maduro com 51,2% dos votos.
Nada de novo no front – o contraste das ruas
A vitória de Maduro foi confirmada no início da madrugada desta segunda (29) pelo CNE com 51,2% dos votos. O órgão, que é o responsável por organizar as eleições e é controlado pelo regime ditador chavista, apontou que o opositor Edmundo González, da Plataforma Unitária Democrática (PUC), ficou em segundo lugar com 44,2%.
Com o resultado da eleição, Maduro conquistou mais uma “reeleição” e ficará no poder por mais seis anos.
No final da votação e início da apuração, a oposição venezuelana acusou o CNE de interromper a transmissão dos resultados das urnas, e que representantes foram impedidos de acessar as atas eleitorais. Também aponta que fiscais foram retirados de centros de votação.