Com o mundo em constantes transformações em seus modelos de trabalho (home office, híbrido ou presencial) e com as variadas gerações (Z, Y, X e Baby Boomers) trabalhando no mesmo ambiente -, muitas pessoas têm refletido em qual empresa querem empreender seu tempo e sua expertise profissional. Se essa é uma forte característica bastante identificada em gerações mais jovens na atualidade, este tipo de autoavaliação tem sido cada vez mais observada por um outro público, o da média e alta gestão.
Segundo o headhunter e CEO da Prime Talent Executive Search, presente em 27 países pela Agilium Group, David Braga, o que antes era cultural – o profissional entrava na empresa e se aposentava por lá, dando sua lealdade em troca de longevidade e segurança -, hoje a realidade é completamente diferente. “No cenário em que vivemos hoje, depois de três anos de pandemia da Covid-19, isolamento, home office e incertezas diante da vida, grande parte dos profissionais, assim como os mais jovens, tem buscado se conectar com experiências que lhes tragam propósitos, projetos de curto e médio prazo ou geralmente ligados a causas nas quais acreditam”, pontua.
Cada vez mais as pessoas têm observado como é o ambiente da organização, como as pessoas estão sendo tratadas, quais são as políticas orientadas para o ser humano e para o bem-estar, sejam de engajamento, de benefícios, remuneração e de motivação. Os profissionais estão muito mais atentos a este processo “de investigação” de como a organização opera com seus colaboradores – sejam eles antigos de casa, sejam aqueles que estão em busca de oportunidades profissionais.
“Acredito que essa mudança ocorreu porque o poder está compartilhado: a empresa escolhe o profissional que quer ter no seu quadro e este também escolhe onde quer
empenhar seus conhecimentos e suas experiências. E, neste cenário, onde ambos estão “se avaliando” e se conhecendo, é preciso levar em conta um aspecto muito relevante, que impacta no faturamento e na performance: o nível de toxicidade do ambiente e das pessoas que o compõem”, observa Braga.
Ambiente tóxico, não, obrigado(a) – Como explica o headhunter, em todas as organizações – pequenas, médias e grandes – há uma parcela de lideranças e pessoas lideradas que apresentam características que no ambiente corporativo são chamadas ‘pessoas tóxicas’. “São pessoas geralmente narcisistas, egocêntricas, centralizadoras. Que atravancam o trabalho do grupo, atrasam entregas, carregam ‘peso’ em suas falas e atos, ou seja, impactam não apenas sua performance individual, mas o trabalho e o desempenho do coletivo. Há gestores que fazem questão de manter um ambiente tenso, com ameaças veladas, cobranças de prazos exíguos, tornando o ambiente mais adoecido. Para quem é liderado, esse tipo de pressão pode fazer com que se sinta em uma zona de pânico, o que pode levá-lo à baixa produtividade e ao adoecimento”, analisa David Braga.
Para lidar com esse tipo de situação ou perceber se isso ocorre na sua empresa, cabe as áreas de Recursos Humanos e às lideranças gerenciar esse clima, identificar cenários e pessoas tóxicas, pois isso traz um prejuízo não só ao clima interno, mas para a organização como um todo, para o faturamento e para performance e retenção de pessoas.
“Ninguém quer mais estar em ambientes tóxicos nem com lideranças tóxicas. Então cabe aos profissionais de recursos humanos estarem atentos, por meio de espaços de diálogo com os colaboradores, por meio de rodas de conversas e canais em que as pessoas possam se manifestar de forma anônima também (por se sentirem mais confortáveis e menos pressionadas), a praticar escuta ativa, buscando transformar e propor melhorias para esses ambientes. Todos vão ganhar. Com certeza”, complementa Braga.