O índice de brasileiros que moram fora de seu país de origem chega a mais de 4,5 milhões, segundo o Ministério das Relações Exteriores. Desse total, 42% estão nos Estados Unidos e, segundo dados da LIV Immigration Law – escritório que fornece assessoria jurídica em imigração por meio de advogados licenciados nos EUA, nos últimos 12 meses, 47% dos vistos de Green Card conduzidos pelo escritório e aprovados foram de mulheres. Para conquistar o direito à residência no país norte-americano, é necessária a obtenção do Green Card, considerado um processo complexo dadas as variedades de vistos que permitem ao emigrante trabalhar e morar legalmente no país, tendo os mesmos direitos de um cidadão estadunidense.
Porém, além da complexidade para a conquista do tão sonhado Green Card, existem outros desafios para as mulheres que também são mães. Planejamento, adaptação, rede de apoio e novo idioma são algumas das maiores barreiras que ultrapassam as fronteiras de quem busca novas oportunidades nos EUA com a família. Embora, com persistência e dedicação, seja possível ultrapassar cada uma delas. É o que contam cinco mulheres, mães, que conquistaram seu direito de residência no país norte-americano nos últimos 9 anos e ainda conseguiram conciliar maternidade e carreira.
Lidiane Motta (40) é publicitária e mora em Orlando, na Flórida, há 5 anos. Na época de sua mudança, seu filho, hoje com 12 anos, tinha apenas 7. Ela viu na segurança e na educação as motivações para fazer a imigração, embora o receio da possibilidade de seu filho não se adaptar tenha existido. “A gente sempre acha que a criança não vai se adaptar, mas ela é a primeira a se acostumar e geralmente não sofre, aprende muito rápido o inglês e toda a cultura do país, antes mesmo do que imaginamos. A maior dificuldade de morar fora do país é a saudade da família, comida e costumes diferentes do nosso país”, explica.
Já Jéssica Melo (31), advogada no Brasil – paralegal de Imigração nos Estados Unidos, iniciou sua jornada com uma filha ainda mais nova, de apenas 3 anos, e o receio da adaptação e a mudança em meio ao contexto de pandemia também foi desafiador. “Lidar com a ansiedade da criança foi bem difícil, pois ela tinha uma rotina de escola e amigos na nossa cidade natal. Levamos mais de 6 meses para conseguir colocar ela em uma daycare para fazer amigos”, comenta. Ela também vive em Orlando e realizou sua mudança com a família há 2 anos, atualmente seu visto ainda encontra-se em andamento, com pleito já aprovado, aguardando os próximos passos para a obtenção do Green Card. Hoje, vive com o marido, a filha de 5 anos e mais uma bebê de apenas 3 meses, já nascida em solo norte-americano.
A segurança e educação mencionados por Lidiane como motivador para a mudança também foram pontos determinantes para a decisão da Patrícia Simonin (50) ao sair do Rio de Janeiro, onde tinha apartamento próprio e uma empresa bem-sucedida, para morar em St. John’s, em Jacksonville, há 7 anos. “Mesmo com todas essas conquistas, eu vivia constantemente apreensiva ao sair de casa, preocupada com a segurança de minha filha adolescente em uma cidade onde a violência era uma realidade constante. A falta de liberdade começou a nos sufocar, e foi então que começamos a considerar seriamente a mudança”, explica. Patrícia também é advogada paralegal de Imigração nos Estados Unidos e sua filha atualmente está com 23 anos.
Quem também fez a mudança com filhos adolescentes foi Letícia Ferrari (46). Há 6 anos, ela decidiu buscar por novas oportunidades em Saint Petersburg, na Flórida. “Na ocasião, eu não tinha muitas informações. Embora acreditássemos que estávamos planejados, o planejamento que fizemos não foi suficiente, perdemos dinheiro, erramos com advogados, mas no final veio a bonança! Essa foi a melhor decisão da minha vida, ver meus filhos como estão hoje faz tudo valer a pena”, conta. Seus filhos estão com 20 e 17 anos.
Livia Leite, advogada de imigração licenciada nos EUA e fundadora da LIV Immigration Law, escritório de advocacia especializado em obtenção de Green Card. Também conta seus desafios em fazer sua mudança para Orlando, que aconteceu antes de se tornar mãe. “Vim morar nos EUA antes de minha filha nascer, e sempre tive como motivação buscar viver em um país com mais oportunidades e segurança. Com certeza, quando fiquei grávida pensei que minha filha teria um futuro com mais oportunidades nos EUA”, explica.
O processo de visto para obtenção do Green Card requer muita pesquisa e conhecimento especializado, principalmente em situações que envolvem toda a família e crianças menores de idade. “O primeiro passo para a obtenção do visto é ter um advogado experiente e licenciado nos EUA, isso foi primordial para o sucesso de nosso processo imigratório. Também nos preparamos financeiramente, pois imigrar não é barato, existem taxas e custos significativos, mas eu faria tudo de novo”, orienta Patrícia.