“A instituição que eu estagio sabe que minha prioridade são minhas filhas. Qualquer chamado sobre elas eu atendo”, conta a estudante de pedagogia e mãe Andressa Carolina Pires da Silva Rodrigues. Assim como Andressa, outras mães estudantes também lidam com dilemas entre a vida acadêmica e a maternidade, precisando adaptar a rotina conforme as demandas de ambas as funções. O estágio no ensino superior é um desafio, ao mesmo tempo que é fundamental o contato com o mundo do trabalho e a concretização das teorias estudadas em sala de aula para preparar os estudantes para a vida profissional.
“É um momento importante para a carreira profissional e aprendizado pessoal. Incentivamos que haja transparência entre a empresa e a estagiária, para proporcionar o melhor ambiente de aprendizado possível”, explica a supervisora operacional do Centro de Integração Empresa-Escola do Paraná, Ilsis Cristine da Silva. Uma transparência que se torna essencial para estagiárias como Andressa, que relata que comunicar as dificuldades aos gestores foi essencial para iniciar um estágio na área da educação.
Responsável pelo apoio na educação de crianças com autismo em uma escola pública de Colombo (PR), Andressa auxilia na adaptação e aplicação das atividades pedagógicas para estudantes com neurodivergências. “Sou mãe de três meninas com Transtorno do Espectro Autista. Sempre converso com as mães que, no estágio, podemos ajudar muito outras crianças atípicas a partir das nossas experiências. Às vezes não é fácil, mas devemos continuar na luta por eles”, conta. Junto ao aprimoramento dos estudos, o estágio proporciona o complemento na renda familiar da estudante, que trabalha no período em que as filhas estão na escola.
Para além do estágio
Segundo o IBGE, em 2022, apenas 56,6% das brasileiras de 25 a 54 anos com filhos de até 6 anos estavam empregadas. O dado reflete as dificuldades enfrentadas por elas na carreira profissional. “Para contornar os indicadores, o incentivo é extremamente importante. A oferta de cursos profissionalizantes e oportunidades de estágio, aprendizagem e outros programas de inserção no mundo do trabalho são ações que auxiliam no ingresso e desenvolvimento contínuo de estudantes, com cargas horárias que dão espaço para que o público consiga organizar a rotina e, aos poucos, se dedicar cada vez mais à carreira”, complementa Ilsis.
“Conciliar a maternidade com qualquer coisa, na minha opinião, é sempre muito complicado porque a maternidade por si só já exige muito de você, do seu tempo e da sua dedicação”. A frase é da jornalista e mãe Maria Paula Alves, que já conciliou a maternidade com diferentes fases da vida: estudos, estágios e, agora, emprego. Mãe de um menino, Maria conta que os estágios que realizou durante a faculdade foram decisivos para ela conquistar uma boa oportunidade de trabalho assim que se formou. Nesse caminho, o preparo e a estrutura das instituições ajudam cada mãe a conseguir lidar com os desafios da dupla jornada. “O CIEE/PR, por exemplo, sempre cuidou muito bem para que o estágio fosse uma experiência positiva e saudável. Já tive experiências de estágio sem ter um órgão intermediador e acabei percebendo a necessidade de escolher instituições estruturadas para conseguir seguir com a carreira acadêmica”, comenta.
Assim como Andressa, Maria também incentiva a persistência das mães nas atividades de estágio. Para a jornalista, além do aperfeiçoamento das habilidades interpessoais e profissionais, o estágio é uma oportunidade de se destacar e garantir espaço no mundo do trabalho. “Minha dica é realmente se agarrar às oportunidades, prestar atenção no funcionamento da empresa e também em como você age. É muito importante que a empresa consiga te acolher para que seja algo saudável e mútuo, que você agregue à empresa e ela a você. Assim, é possível crescer e compreender a carreira junto da dedicação à família”, finaliza Maria.