A Prefeitura de Manaus, por meio do Conselho de Municipal de Cultura (Concultura), visitou a comunidade indígena Tatuyo, durante a abertura do projeto de medicina indígena, na Área de Desenvolvimento Sustentável (ADS) Puranga Conquista, no Rio Negro, área ribeirinha de Manaus.
A comitiva do Concultura conheceu o projeto Mahsisé que foi contemplado pelo edital da Lei Paulo Gustavo (LPG), gerenciado pela Prefeitura de Manaus. O projeto inclui palestra na Casa de Medicina e caminhadas em trilha Yepassoni, na floresta onde estão localizadas as espécies vegetais com propriedades curativas utilizadas pelos povos indígenas.
O presidente do Concultura, Neilo Batista, relembrou que o projeto contemplado, é fruto das buscas ativas realizadas pela prefeitura nas comunidades ribeirinhas e periféricas, para incluir os artistas que ficavam à margem dos editais, como o da Lei Paulo Gustavo.
“Estamos aqui por uma determinação da gestão municipal e para valorizar nossa identidade cultural”, disse, acrescentando que, em breve, serão lançados os editais da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB) e Lei Cultura Viva, com incentivo financeiro para os próximos 5 anos.
A recepção na comunidade foi feita pelo cacique Edimildo Yepassoni Tukano, autor e beneficiário do projeto pela LPG, que realizou uma palestra inicial na Maloca de Rituais. Ele relatou a criação da comunidade e a cultura aprendida dos povos Tukano e Dessana, originários do alto Rio Negro.
“Tivemos de buscar estudo e treinamentos em Manaus, e nas viagens em outros Estados, para poder transmitir também nossos conhecimentos ancestrais de profundo saber sobre a medicina da floresta e seus recursos de sobrevivência. Aqui nos estabelecemos já há 16 anos, nesta reserva florestal, e buscamos a legalização delas terras para uso sustentável, como a criação de trilhas de caminhada com o georreferenciamento e identificação de espécies medicinais e árvores centenárias que compõem a nossa rica biodiversidade amazônica”, explicou o cacique Yepassoni.
Sobre a execução do projeto contemplado pela LPG, o cacique explicou que serão recebidas duas turmas das comunidades e estudantes que vão passar pela experiência de caminhadas na floresta e palestras sobre a medicina tradicional indígena.
A oceanógrafa carioca Paula Pereira foi passar três dias em imersão na comunidade, fez a trilha e participou da palestra. “É muito importante esses editais chegarem nas comunidades tradicionais e indígenas para mostrar e perpetuar suas culturas ancestrais e trocar experiências”, afirmou.
Tatuyo
A comunidade Tatuyo fica a uma hora de distância de barco, tipo coletivo, saindo da Marina do David, subindo o rio Negro, na margem direita. As duas famílias fundadores da comunidade desenvolvem atividades de passeio nas trilhas, rituais e cultivam a agricultura familiar para sustento próprio. A receita com o turismo é a principal atividade econômica dos moradores.