O cartunista morreu dormindo, aos 91 anos, em seu apartamento no bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio, às 14h30 de hoje (6).
A filha de Ziraldo, Daniela Thomas, disse que ele teve falência múltipla de órgãos, mas a nota oficial da assessoria do artista fala em causas naturais. “Ele simplesmente parou de respirar. Já eram seis anos acamado, e começou ultimamente a ficar com muita fraqueza, ter muita febre”
Maurício de Souza lamenta a morte do amigo em nota
Conheci o Ziraldo no início dos anos 1960, quando estava sonhando em ter um gibi, assim como ele.
Peguei um trem de Bauru para São Paulo e depois fui para o Rio de Janeiro, com alguns trabalhos embaixo do braço para a nossa tão importante conversa.
Na época, fiz algumas tiras do Pererê para ele. Mas o Ziraldo as perdeu e nunca mais as vimos.
A parceria não aconteceu naquele dia. Uma porta fechou e outra abriu. Mal sabia eu que, naquele dia, iria ganhar algo eterno: o meu grande irmão de produção de materiais para crianças. E, anos depois, nossos personagens se encontraram mais de uma vez.
Hoje, meu irmão partiu para uma outra viagem. Vai deixar saudade, personagens e histórias memoráveis. Viva, Ziraldo!
Mauricio de Sousa
Quem foi Ziraldo?
Nascido no dia 6 de abril de 1932, no Rio de Janeiro, Ziraldo Alves Pinto foi um cartunista, chargista, pintor, escritor, dramaturgo, cartazista, caricaturista, poeta, cronista, desenhista, apresentador, humorista e jornalista brasileiro. É um dos mais conhecidos e aclamados escritores infantis do Brasil. Ziraldo é pai da cineasta Daniela Thomas e do compositor Antonio Pinto.
Ziraldo passou sua infância em Caratinga, no Rio de Janeiro. Estudou dois anos no Rio de Janeiro e voltou a Caratinga, tendo concluído o módulo científico (atual ensino médio). Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais em 1957. Seu talento no desenho já se manifestava desde essa época, tendo publicado um desenho no jornal Folha de Minas com apenas 6 anos de idade.
Começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), em 1954, com uma coluna dedicada ao humor. Ganhou notoriedade nacional ao se estabelecer na revista O Cruzeiro em 1957 e, posteriormente, no Jornal do Brasil, em 1963. Seus personagens (entre eles Jeremias, o Bom; a Supermãe e o Mirinho) conquistaram os leitores.
Em 1960 lançou a primeira revista em quadrinhos brasileira feita por um só autor, Turma do Pererê, que também foi a primeira história em quadrinhos a cores totalmente produzida no Brasil. Embora tenha alcançado uma das maiores tiragens da época, Turma do Pererê foi cancelada em 1964, logo após o início do regime militar no Brasil.
Em 1960 recebeu o “Nobel” Internacional de Humor no 32º Salão Internacional de Caricaturas de Bruxelas e também o prêmio Merghantealler, principal premiação da imprensa livre da América Latina.