Mais de 70 mil pessoas, na sua maioria mulheres e crianças, foram expulsas das suas casas no norte de Moçambique, na sequência de um aumento de ataques por militantes radicais muçulmanos, acentuado nas últimas semanas .Isso eeva o número de pessoas deslocadas pela violência para 650 mil.
A forte escalada na província de Cabo Delgado começou no início deste ano, quando o Estado Islâmico de Moçambique atacou as forças de segurança, matando pelo menos 20 soldados. Desde então, eles têm se deslocado pela região, atacando aldeias e fazendo com que as pessoas fugissem de suas casas.
Igrejas, casas e lojas são regularmente destruídas nos ataques. Há também relatos de decapitações e sequestros. Os islamitas radicais encorajam a população local a converter-se e a impor impostos em troca da protecção das suas casas e propriedades, informa o site de notícias Fides.
“Estamos horrorizados com os últimos ataques no norte de Moçambique”, diz Joshua Williams, que lidera o trabalho da Portas Abertas na África Subsaariana. “Estes ataques confirmam a agenda expansionista islâmica do grupo afiliado ao Estado Islâmico para obter o controlo de grandes áreas de terras estratégicas onde possam estabelecer um Estado islâmico, onde possam impor a sua interpretação estrita da lei islâmica.”
Entre aqueles que foram forçados a abandonar as suas casas nas últimas semanas, está Maria*, de 20 anos. Ela fugiu depois de ter sido atacada em Chai, em fevereiro, tendo encontrado refúgio com uma família bem longe de sua casa. A família já tinha sido deslocada da sua cidade natal, Mocímboa da Praia, quatro anos antes. No primeiro ataque Maria perdeu a casa e a mãe.
“Meu pai e eu nos refugiamos na casa do irmão mais novo de meu pai, em Chai”, diz ela. Quando militantes islâmicos chegaram à cidade no início de fevereiro, incendiaram a casa do tio dela. -filha nos braços, mas, no caos, perdeu de vista o pai e o tio.
“Entrei em um grupo de desconhecidos e um senhor que me conhecia disse: ‘Efa! Filha, lamento informar, vi os corpos do seu pai e do seu tio. Eles foram amarrados e mortos a tiros.’”
O grupo extremista islâmico Ahlu-Sunnah wal Jama’ah tem travado uma insurgência na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em recursos, desde 2017. Os militantes alinharam-se com o Estado Islâmico em 2019.
Os combates entre o grupo e as forças armadas de Moçambique, apoiadas por tropas militares regionais, já custaram milhares de vidas e forçaram mais de 650 mil pessoas a abandonarem as suas casas. Pelo menos 2 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária imediata, segundo o ACNUR.
“Apelamos a Moçambique e aos seus parceiros internacionais para que reconheçam a escala e a gravidade da situação no norte, ao mesmo tempo que abordam as causas profundas através de meios militares e não militares”, afirma Williams. “A situação no norte de Moçambique tem o potencial de desestabilizar toda a região.”
Moçambique ocupa o 39º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2024, ranking anual da Portas Abertas dos países onde os cristãos enfrentam as mais graves perseguições.
Como é a perseguição aos cristãos em Moçambique?
Cristãos em Moçambique enfrentam diversos desafios que colocam em risco sua liberdade e bem-estar.
O crescimento do extremismo islâmico no Norte do país, principalmente em regiões como Cabo Delgado, teve um impacto devastador na vida dos cristãos. Igrejas foram incendiadas, pastores sequestrados e muitos mortos. O objetivo desses grupos é estabelecer um Estado islâmico, e cristãos são muitas vezes alvejados como símbolos de resistência a essa ideologia extremista.
Além disso, cristãos muitas vezes se encontram no meio do fogo cruzado de conflitos existentes entre forças do governo e grupos jihadistas, tornando-os ainda mais vulneráveis à violência e ao deslocamento.
Moçambique também se tornou um eixo principal para o tráfico de drogas, com a presença de cartéis que contribuem para um clima de ilegalidade e violência, que afeta indiretamente a comunidade cristã. Jovens que trabalham na igreja estão principalmente em risco, afinal são vistos como ameaça aos cartéis.
O governo também restringe a liberdade religiosa. Dentro da família e da sociedade, os cristãos podem enfrentar hostilidade, principalmente convertidos do islamismo.
A Portas Abertas está presente no país, com projetos de doação de mantimentos e bíblias infantis, assim como ajuda socioeconômica, treinamento de líderes e discipulado.
Desperta África
A situação dos cristãos perseguidos na África Subsaariana está cada vez mais grave, pois o extremismo islâmico avança no continente com o objetivo de eliminar por completo a presença cristã. Nada menos que 95% das mortes de cristãos aconteceram na África Subsaariana, o equivalente a 5.340 casos, entre outubro de 2021 e setembro de 2022. É necessário reconhecer e agir pelo fim da violência extrema contra nossos irmãos na fé.
Este ano o DIP quer reunir mais de 15 mil igrejas em oração pela África Subsaariana, uma das regiões mais violentas contra cristãos no mundo. Para participar, basta clicar no link e saber como inscrever sua igreja para orar pelo cristão perseguido. Veja também o vídeo que conta mias sobre a perseguição a cristãos na África Subsaariana.