Nesta terça-feira (2), o mundo volta sua atenção para a reflexão, sensibilização e educação sobre o autismo e o Dia Mundial de Conscientização sobre o transtorno que afeta milhares de pessoas no Amazonas, mas que ainda tem como um dos principais desafios para o tratamento, o combate ao preconceito e a aceitação da sociedade.
De acordo com o psicólogo e coordenador técnico do atendimento de pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Bruno Matias, é muito comum ouvir dos próprios pais de crianças recém diagnosticadas, frases como “isso é birra” e “na minha época não tinha isso”.
“Campanhas como o Abril Azul são fundamentais porque após o diagnóstico, a primeira tarefa é conscientizar os próprios familiares para a necessidade de tratamento e acompanhamento especializado porque muitos simplesmente não aceitam e dizem que seus próprios filhos são mimados”, alertou.
MULTIDISCIPLINAR
Segundo o especialista, o diagnóstico do TEA é feito por neurologistas e psicólogos mas dentro de casa, os pais devem estar atentos para características como olhar vago, dificuldade de contato visual, de reconhecer o próprio nome, e ainda a ausência total ou parcial de verbalização das vontades.
Por isso, acrescenta Matias, é importante um sistema multidisciplinar exclusivo para o atendimento de pacientes com sete especialidades integradas (Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia de Psicomotricidade, Psicopedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia e Nutrição) voltadas para a análise total de forma personalizada, e ao mesmo tempo, com acompanhamento de pais e familiares.
“Essa abordagem multidisciplinar é fundamental para atender, por exemplo, os muitos casos de pacientes infantis que chegam no hospital porque só comem um determinado tipo de alimento. Neste caso, é necessário a participação do psicólogo, do nutricionista e da fonoaudióloga que trabalham de forma conjunta”, explicou o especialista.
ADULTOS
Além das crianças e adolescentes, o psicólogo alerta que tem aumentado nos últimos anos a quantidade de pacientes na unidade de saúde que na vida adulta também são diagnosticados com TEA.
“São pessoas classificadas como antissociais ou ‘esquisitas’ porque após anos de convivência com outras pessoas, ainda enfrentam limitações de socialização, de integração no local de trabalho, que não conseguem compreender expressões de duplo sentido e gírias, por exemplo, e que se incomodam com barulhos e evitam locais com muita gente”.