Uma pesquisa do Serasa publicada em janeiro*, revelou que os gastos com automóvel são a segunda maior despesa do orçamento familiar do brasileiro, depois da alimentação. Segundo o levantamento, em 67% dos lares do país, os custos com o automóvel estão entre os três principais gastos anuais.
De acordo com o educador financeiro e especialista em investimentos Raul Sena, essa é uma despesa que precisa ser ajustada ao orçamento mensal e que traz uma série de armadilhas para quem compra um carro por impulso ou por uma decisão emocional – status ou influência de propagandas, por exemplo.
“O brasileiro muitas vezes compra um carro e não leva em conta as despesas recorrentes mensais como o IPVA e licenciamento, além do combustível, pedágios, estacionamentos e, principalmente, manutenção”, destaca Raul Sena.
Para fazer um uso consciente do carro desde o momento da compra, confira as cinco dicas do especialista:
- Planeje os gastos com o veículo: carro, alimentação, aluguel e outros custos fixos não devem ultrapassar 40% da sua renda mensal. Segundo Raul, manter as despesas dentro desse percentual diminui a chance de endividamento. Se há aumento desse valor, qualquer imprevisto vai impactar as contas e, quando isso acontece, gera descontrole em todo o resto do orçamento. “Deixar de pagar uma parcela de um carro que você sabe que vai ter que pagar, que é um custo fixo, pode fazer com que você não consiga mais se organizar”, explica.
- Novo ou usado? Na hora de comprar um carro, se optar por um usado, prefira os seminovos com menos de quatro anos de fabricação. “Esse período é o ideal pois o custo de manutenção é menor, e ainda pode ter garantia”, destaca. Já o carro novo deve, preferencialmente, ser comprado à vista ou com uma entrada suficiente para financiar o restante sem juros. Os juros sempre devem trabalhar para você, e não contra você, a não ser em situações muito específicas, como a compra da casa própria com taxas menores.
- Na hora da compra: pense no custo da manutenção. Dependendo da marca, tanto peças quanto o consumo de combustível, IPVA e seguro podem ser altos demais e comprometer seu orçamento. “Escolha um carro que você seja capaz de manter. Mesmo que você tenha recursos para comprar um carro de uma categoria acima, mas que custe 20% a mais, pense que esse valor, na prática, pode representar um aumento de até 40% nos custos com manutenção”, alerta.
- Se decidir financiar o carro: se não for possível comprar à vista e o carro realmente for indispensável para você e sua família, planeje-se e coloque em perspectiva se você poderá pagar as parcelas até o final. Lembrando que essas parcelas devem estar dentro dos 40% do seu custo fixo mensal, assim como os custos de manutenção. “Muitas vezes a pessoa faz um financiamento de acordo com o momento financeiro que está vivendo, mas não considera que a vida pode mudar e o valor da manutenção também. É preciso sempre deixar uma margem de emergência”, diz.
- Se for comprar à vista, como fazer? Em algumas situações, a pessoa economiza para comprar à vista e “se livrar” do financiamento. Se for o seu caso, com dinheiro em mãos, você tem uma possibilidade maior de negociação com quem está vendendo. Procure se informar sobre os valores praticados (tabela FIPE e portais especializados em compra e vendas de automóveis, por exemplo), para ter noção da margem de negociação que você poderá ter. Pesquise e negocie bastante para ter certeza de que vai fazer o melhor negócio possível.
- Avalie a necessidade real de ter um carro: quantas vezes você usa o veículo por semana e por quais motivos? Quais os trajetos que percorre? Há opção de transporte público fácil perto de você? Se a família já tem um carro, há necessidade de mais um veículo na garagem? São perguntas importantes que podem ajudar a direcionar no momento da compra, e evitar um gasto por impulso. Afinal, o carro pode ser uma necessidade, mas também um símbolo de status. E uma compra desse valor pautada por uma decisão emocional pode comprometer todo o orçamento. Outra dica importante: compare o quanto você gasta com o carro e quanto gastaria com transporte de aplicativo. “Se eu não tenho uma família numerosa, qual a necessidade de ter um carro para sete pessoas?”, questiona Sena.
*A Relação do Brasileiro com o Automóvel. Produzida em parceria com o Instituto Opinion Box