As casas de condomínios fechados em cidades próximas de São Paulo tiveram um salto médio de quase 40% nos preços entre 2019 e 2023, segundo levantamento do DataZap. A expansão foi puxada pela procura por imóveis maiores, mais segurança e custo de vida menor do que na capital paulista.
As cidades com os maiores preços por metro quadrado (m²) são Barueri (R$ 10.898,70), Campinas (R$ 7.175,67), Jundiaí (R$ 7.079,46), Arujá (R$ 6.621,69) e Vinhedo (R$ 6.474,70). Para os especialistas, embora tenha atingido o ápice na pandemia, a demanda por imóveis nessas localidades segue forte por fatores ligados à segurança pública e à busca por casas com mais espaço.
No caso de Barueri, a valorização entre 2019 e 2023 chegou a 74,7%; Campinas, 33,4%; Jundiaí, 40,8%; Arujá, 33,8%; e Vinhedo, 37,6%. O levantamento considerou imóveis voltados à classe média alta, com renda de 10 a 20 salários mínimos mensais. As cidades no entorno da capital que não entraram na avaliação não tiveram montante relevante de anúncios para compor o estudo.
“Avaliando os níveis médios de preços municipais, fica claro que existem diversas opções de valores de casas de condomínio em cidades do interior próximas à capital paulista. Barueri se destaca no quesito luxo, enquanto Campinas, Jundiaí e Vinhedo oferecem preços próximos aos de casas de condomínio na cidade de São Paulo. Já Cotia, Mogi das Cruzes e Sorocaba são boas opções mais acessíveis para esse tipo de imóvel”, diz o economista do DataZap, Pedro Tenório.
Paulo Pinheiro, sócio-diretor da Lopes, conta que a locação subiu primeiro nas cidades próximas a São Paulo, especialmente em Barueri. A tendência foi puxada pelo isolamento social durante a pandemia, que tornou o trabalho remoto parte da realidade da população que trabalha em escritórios.
“Alphaville tinha muitos imóveis encalhados e todos foram vendidos durante a pandemia. Em Vinhedo, também aconteceu isso”, diz Pinheiro. “Um imóvel de 100 m² a R$ 18 mil o m² em São Paulo pode ter o dobro do tamanho em cidades próximas pelo mesmo preço total.”
‘Custo do tempo’
O coordenador do curso de negócios imobiliários da FGV, Alberto Ajzental, diz que fatores que vão além da procura por segurança motivam a busca por moradias em condomínios fechados em municípios próximos à capital paulista.
“Há riqueza em cidades mais distantes da capital. Essas pessoas estão mais longe de São Paulo e também da praia. O custo de tempo para se deslocar é muito grande. Então, essas cidades no entorno da capital também são procuradas por quem mora longe, assim como por quem mora em São Paulo e quer ar puro e silêncio.”
A incorporadora AZO, de Campinas, está entre as empresas à frente desse tipo de empreendimento imobiliário. O projeto mais recente, chamado Residencial Pateo Atmosphera, tem casas de 200 m² de área construída com três ou quatro dormitórios, quatro vagas de garagem, monitoramento 24h, piscinas, academia, espaço para pets e horta de temperos.
O CEO da AZO, José Albuquerque, conta que o empreendimento foi vendido no lançamento, em agosto de 2018, por valores entre R$ 6 mil e R$ 7 mil o metro quadrado. Agora, pronto, cada imóvel é vendido entre R$ 11 mil e R$ 13 mil o metro quadrado. “A procura melhorou bastante depois da pandemia, que levou a um despertar das pessoas para a busca por qualidade de vida e espaço.”
A incorporadora Helbor tem um projeto junto com a empresa de papel e celulose Suzano, em Mogi das Cruzes. Com o loteamento de parte da Fazenda Rodeio, uma das plantações de eucalipto da Suzano, a incorporadora viabiliza a construção de casas de condomínio.
Chamado Fazenda Itapety, o empreendimento fica a cerca de 50 km da capital. Previsto para ser entregue no final de 2025, o condomínio tem lotes de 527 m² com preço médio de R$ 1.700 o metro quadrado e terá piscinas, academia e quadras, além de rede elétrica subterrânea, segurança 24h e até mesmo um lago. O volume geral de vendas do Fazenda Itapety é de R$ 520 milhões.
Com informações de Lucas Agrela/Estadão Conteúdo e M&C
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