“O ‘show’ do cacau” — foi assim que o sócio e fundador da Cacau Show, Alê Costa, definiu a expansão de negócios da marca com foco na experiência do consumidor.
Além da fazenda de cacau, hotel temático e Hiper Store, a empresa deu mais um passo importante — e nostálgico — nessa empreitada: a compra do Grupo Playcenter, anunciada na última terça-feira (21).
Agora, o fundador da empresa, carinhosamente apelidado de “Willy Wonka brasileiro” nas redes sociais, tem nas mãos a missão de construir sua própria Fantástica Fábrica de Chocolates.
Projeto que recria memórias
Quem morou na cidade de São Paulo entre meados dos anos 1970 e 2010, com certeza já ouviu falar do antigo parque de diversões à beira da Marginal Tietê, que deixou um bocado de boas lembranças em várias gerações.
Mesmo após o fechamento da atração em 2012, o grupo fundado por Marcelo Gutglas continuou operando em menor escala.
Atualmente, a empresa possui sete centros de jogos eletrônicos em shoppings de São Paulo e Salvador, o Playland, além de um parque de diversões no Shopping Aricanduva, na zona leste paulistana.
O antigo terreno onde funcionava o Playcenter foi vendido, e hoje abriga prédios comerciais e residenciais.
Alê Costa conta que as conversas com Gutglas começaram em agosto do ano passado, quando a Associação dos Parques de Diversões do Brasil (Adibra) realizou um evento na sede da Cacau Show.
Na ocasião, o dono da fábrica de chocolates pediu para que o então dono do Grupo Playcenter chegasse um pouco mais cedo para um almoço. Duas semanas depois, Gutglas, que não tinha sucessor para o negócio, viu em Alê esse potencial.
“Eu disse: pelo preço justo está comprado. E ele respondeu: pelo preço justo está vendido. E nós demos as mãos”, conta Alê Costa.
Mas, para ele, o sonho de proporcionar ao cliente experiências que mesclam chocolate e diversão não vem de hoje. A Hiper Store, localizada em Itapevi, na Grande São Paulo, já possui atrações como carrossel, montanha-russa e até um dark ride (passeio de trilhos pela fábrica).
“Uma coisa é você ir numa loja, ter 5 ou 10 minutos de contato com a marca. Depois, se você vai numa loja maior, fica meia hora. Depois, se vai numa Hiper Store, você fica 1 hora ou 2 horas. Depois, vai num hotel e fica 48 horas. Quer dizer, a gente precisa de tempo para transmitir para as pessoas o propósito da marca e seus valores”, afirma.
O processo de incorporação do Playcenter ao projeto da Cacau Show deve começar com a venda de alimentos e bebidas da marca nos espaços de jogos eletrônicos, como fondue, waffles e chocolate. Além disso, algumas atrações devem ser tematizadas.
Mas o sonho de Alê é ainda mais ambicioso — ele conta que quer construir um grande parque temático no Brasil. “Na verdade, nós já temos o tema, né? O chocolate e o cacau”, adianta.
Perguntado pela CNN se tem planos de construir um parque ao ar livre, do mesmo tamanho (ou até maior) do que o antigo Playcenter, o empresário foi categórico: “Esse é meu sonho, e eu vou trabalhar duro para que isso se torne realidade”.
Por ora, ele diz estudar a viabilidade do projeto e diz que novidades podem ser anunciadas ainda este ano.
“O Playcenter deixou de existir por alguma razão, a gente está entendendo agora como podemos fazer isso novamente, se faz ou não sentido ter nesse formato. A gente acredita que tem muita história pra contar, tem muita gente pra inspirar. E um parque pode ser um canal pra gente realizar esse desejo”, conclui.
A transação ainda está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Por isso, estruturas do Grupo Playcenter e da Cacau Show continuam independentes até o fim das negociações.
Por Amanda Sampaio/CNN – São Paulo