Em meio a um inverno com cara de verão com calor intenso em diversas regiões do Brasil, um dos principais cuidados a se tomar em relação à saúde diz respeito à pele. Ainda que não seja o calor em si que cause as alterações na pele e sim as radiações ultravioletas (presentes ao longo de todo o ano), é no verão que há maior incidência de raios solares (e consequentemente a radiação ultravioleta).
“Além disso, pelo fato de utilizarmos roupas mais leves e estarmos mais tempo em ambientes externos a pele acaba ficando mais exposta ao sol. Então nesse sentido é necessário tomar cuidados adicionais”, explica o dermatologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Thiago Correa Martins.
O especialista ressalta a importância de proteger a pele exposta ao sol ao longo do dia inteiro. Ele detalha que antigamente existia a ideia de que o sol tomado antes das 10 horas da manhã e após as 16 horas era seguro, mas isso é válido apenas para a radiação ultravioleta B e UVB. “Hoje se sabe que a outra radiação ultravioleta A, UVA, ela é constante o dia todo e ela talvez é mais importante ainda para aumentar os riscos de câncer da pele e também para o envelhecimento da pele. Nos horários de maior intensidade do sol é válido caprichar na proteção, mas a proteção diária é contínua durante todo o dia”, frisa.
Uma das principais formas de proteção é com a utilização do protetor solar. A aplicação ideal se dá de três em três horas, mas pelo menos três vezes ao dia (de manhã, meio do dia, meio da tarde) já é indicado para quem realiza saídas eventuais, explica o especialista. “O importante é reaplicar, apenas uma vez no dia não basta”, diz. Em relação ao fator de proteção isso dependerá do tipo e da cor da pele, segundo ele. “As peles mais claras são mais sensíveis ao sol, queimam com mais facilidade. As peles mais escuras bronzeiam mais, não queimam tanto, mas isso não significa que são livres para tomar sol. Vale a proteção. Então, para uma pele muito clara e sensível, um fator de proteção alto acima de 70 é melhor. Para uma pele mais escura, negra, morena, às vezes o fator de proteção 30 já é suficiente”, afirma. Segundo ele, outro importante fator para evitar problemas é manter uma boa hidratação ao longo de todo o dia.
Outros elementos de proteção importantes é a proteção física por meio da utilização de óculos de sol e chapéus. “Os óculos são importantes porque protegem não só a pele da pálpebra, mas também da retina, da cor e do próprio olho em si. Já o chapéu também ajuda a proteger o rosto da radiação, assim como também protegem as roupas com proteção UV”, destaca.
Outro elemento importante para o caso das praias é o guarda-sol. O médico Thiago Martins destaca a sua importância e recomenda evitar o bronzeamento. “O bronzeamento é um sinal de que o sol já está alterando a pele. Aquela “beleza” obtida com o bronzeamento pode ter uma consequência ruim para o futuro, com o envelhecimento precoce e a flacidez da pele. É muito mais fácil prevenir hoje antes do que tentar retornar a pele ao que era antes. Muita gente procura procedimentos, tratamentos e cremes para a pele ficar menos flácida, mas o melhor creme é o protetor solar”, reitera. Em alguns momentos de lazer debaixo de sol também pode haver ocorrências de queimaduras solares, inclusive com a ocorrência de casos graves com formações de bolhas, mal-estar e até mesmo a internação hospitalar.
A exposição excessiva ao sol que leva ao envelhecimento da pele pode causar a produção de pintas, manchas e melasmas e, com isso, também leva a um elemento de preocupação ainda maior: o câncer de pele. Thiago explica que o dano que o sol causa na pele é cumulativo e que todo sol que uma pessoa pega pode, aos poucos, alterar a pele. “O câncer de pele melanoma é um dos mais graves tipos de cânceres que existem e que se não for diagnosticado precocemente pode haver metástase e sua difusão por todo o corpo. “O tipo de câncer mais comum é o carcinoma basocelular. Apesar de não ter tanta gravidade é necessário realizar um tratamento cirúrgico que pode demandar a retirada de algum pedaço de pele e pode acabar gerando cicatrizes”, esclarece.
Para tomar cuidado com pintas e manchas o médico indica que é recomendado realizar, uma vez ao ano, uma avaliação geral com um dermatologista. “O especialista vai poder avaliar as pintas e manchas do corpo, explicar quais sinais demandam mais preocupação e poderá tirar dúvidas diversas. Esse é o profissional capacitado para diferenciar as lesões benignas das malignas e poderá indicar os melhores tratamentos para cada caso”, finaliza.