Manaus estremeceu com o mais tradicional bloco de Carnaval da cidade: o Bloco das Piranhas, que chegou a sua 44a edição em 2024. Com uma pegada sustentável, com a coleta seletiva de lixo, o evento reuniu mais de 20 mil foliões, mais de 15 bandas que se dividiram em dois palcos em mais de 10 horas de show. Este ano, o bloco fez parte do projeto Rota da Folia Manaus.
Na opinião de um dos organizadores do evento, Arnaldo Neto, o que marca o Bloco das Piranhas é a sua irreverência.
“Você vê pessoas se divertindo com qualidade. Todo mundo deixa seus problemas e curte o Carnaval com segurança e muita alegria. Você vê idosos fantasiados de mulher e isso é uma das nossas marcas. Aqui você pula Carnaval sem preconceito e do jeito que deve ser e a organização é uma das marcas do Bloco das Piranhas”, avaliou.
O evento, que faz Rota da Folia Manaus promovida pela Sintonnia Artística e pelo Grupo Arsenal Service, trouxe em 2024 a pegada sustentável de coleta seletiva que dividiu mais de dez colaboradores do Instituto Mais Saber, com sede no bairro Santa Etelvina, Zona Norte de Manaus.
“Pretendemos recolher 1 tonelada e meia em latinhas de alumínio. Temos mais de dez coletores espalhados pela festa. É importante a gente lembrar dessa parte sustentável e de educação. Manaus, há 10 anos não tinha essa preocupação com coleta seletiva e hoje em dia, tem. Quem trabalha comigo, também já leva este exemplo para casa e sua comunidade”, disse o diretor de gestão de sustentabilidade do Instituto, Jorge Queiroz.
Outro detalhe marcou o projeto Rota da Folia Manaus: não houve divulgação do evento em papel.
“Não fizemos divulgação em flyers, tampouco fizemos os lambe-lambes (pôster colados em locais estratégicos na cidade). Contribuir com a não poluição é importante”, disse o diretor da Arsenal Service, Francisco Emerson.
Apoio ao futuro
Quem marcou presença na Rota da Folia foi a equipe Leviatã, da Universidade Estadual do Amazonas (UEA). Um grupo de alunos montou uma barraca de lanches para angariar fundos para a construção de um novo barco da equipe que é movido à energia solar. Eles vão participar de uma competição no Rio de Janeiro.
“Queremos fazer um barco novo. Pretendemos lucrar R$ 2 mil para ajudar a levar a equipe para a competição em junho. Somos a única equipe do Norte que compete com um barco modelo Catamarã”, disse o estudante de engenharia elétrica, Thiago Lacerda, de 24 anos.
Rota da Solidariedade
A Rota da Folia Manaus também marcou o carnaval deste ano, incentivando a doação de sangue para ajudar o Hemoam.
“Todos sabemos que no carnaval o estoque do Hemoam sempre fica baixo. Por isso a ideia de ajudar os irmãos que estão passando por problemas de saúde. Na Banda da Raça Rubro-Negra, a torcida doou pela primeira vez, coletivamente. Neste sábado (10), foi a vez da Associação Bloco das Piranhas. Mas a rota da solidariedade continua. Todo dia é dia de doar”, acrescentou Arnaldo Neto.
Programação:
A festa contou com dois palcos com os artistas Kelton Piloto, Os Embaixadores, Dennys Salvador, Wilsinho de Cima e Bateria Show, Evandro Jr & SambaXote, Claudinho Dias, Guto Lima no Palco 1 e Rogerinho da Bahia, Vai Garotão, Banda de Carnaval Vem Folia, Bagaceiros do Forró, Vanessa Auzier, Banda Marrakesh, Daniel Trindade, no Palco 2.
Os intervalos foram comandados pelos DJs: Luciano Mateus, Layla Abreu, Alex Marcks e Toinho.
Tradição
O Bloco das Piranhas, uma das mais antigas e tradicionais festas do carnaval amazonense, completou 44 anos em 2024.
Originado no bairro Parque Dez de Novembro, Zona Centro-Sul da capital amazonense, o bloco foi criado em 1981 por um grupo de rapazes sem grandes pretensões, tendo a irreverência como principal inspiração.
A marca registrada do Bloco das Piranhas são os homens vestidos de mulher.
“Mais um Bloco das Piranhas que entra para a história. Graças a Deus, ao apoio dos parceiros e ao público que seguem acreditando na tradição e irreverência da nossa brincadeira de carnaval. Nossos agradecimentos a todos que fizeram parte de tudo isso”, disse um dos idealizadores do Bloco das Piranhas, Marcos Botelho.
Fotos: Marcelo Ramos e Luís Henrique/Sintonnia Artística