Uma parte essencial do Cristianismo é uma compreensão correta de quem é Jesus e do que Ele veio fazer. No Evangelho de João, nosso Senhor faz sete declarações “Eu Sou” que revelam mais sobre Sua natureza, Seu caráter e Seu propósito ao vir a este mundo para morrer pelos pecados do mundo.
Vimos pela primeira vez a mensagem de Jesus em João 6, onde Ele se autodenomina o “Pão da vida”. Esta conversa foi, pelos padrões do mundo, o “pior sermão que Jesus já pregou”. Ele passou de 20.000 seguidores para doze em questão de horas. As palavras de Jesus, porém, cumpriram o que Ele se propôs a fazer, que era separar Seus verdadeiros seguidores daqueles que não foram chamados por Ele.
Vamos dar uma olhada mais profunda no tema central das palavras de Jesus quando Ele chamou a Si mesmo de “Pão da vida”, e por que a multidão O rejeitou enquanto Pedro e 10 discípulos creram.
Vamos começar com o incrédulo como exemplificado através da multidão em João 6. Primeiro, vemos que os indivíduos que compunham esta grande multidão estavam focados nas necessidades físicas – não nas questões espirituais. Quando Jesus falou à multidão sobre desejar “alimento que dura para a vida eterna”, as pessoas só pensaram no sustento para saciar seus corpos famintos. Os homens e mulheres que ouviam naquele dia não podiam acreditar que Jesus era quem Ele disse que era – o Pão da Vida, Aquele que faz a vontade do Pai, vindo do Céu. Eles procuraram Jesus para resolver seus problemas temporais.
Segundo, a multidão acreditava erroneamente que tinha que fazer “as obras de Deus” por este pão que Jesus lhes prometia. Embora o povo ainda não conseguisse compreender o Seu significado espiritual, Jesus reverteu a sua teologia falha, dizendo às multidões que eles, sendo meros humanos – e ainda por cima pecadores – não poderiam fazer a obra de Deus para obter o pão que Ele lhes oferecia. Estas pessoas pensavam que poderiam ganhar o favor e a provisão de Deus com base na sua obediência legalista à Lei Mosaica, e Jesus usou esta interação para expor o seu orgulho e justiça própria.
Terceiro, porque estes indivíduos não tinham discernimento espiritual e nenhum desejo verdadeiro por Cristo, eles tentaram manipular Jesus para alimentá-los – tal como o diabo tentou usar as Escrituras contra o nosso Senhor anteriormente no Seu ministério. Os membros desta multidão continuaram a compreender mal a verdadeira natureza da sua condição pecaminosa e a sua necessidade desesperada de mais do que a próxima refeição, pedindo um sinal para crer em Jesus. No início do capítulo, porém, Jesus já realizou um sinal com a alimentação das multidões — e elas posteriormente provaram que eles, como todos os pecadores não regenerados, não tinham força de vontade dentro de si para acreditar Nele.
A multidão nesta narrativa exibiu a própria posição de muitos incrédulos que afirmam que acreditariam se Jesus simplesmente fizesse “isto” ou “aquilo”. Esses incrédulos não conseguem perceber que não têm o poder de mudar os seus próprios corações. Os incrédulos não podem acreditar com base em sinais externos. Necessitam de uma transformação interna; eles exigem a obra de Deus em seus corações. Homens e mulheres, meninos e meninas, devem perceber que até que abandonem seus próprios sonhos de justiça própria, autonomia e autoridade – e até que estejam dispostos a vir a Jesus somente nos termos Dele (não nos deles), eles nunca acreditarão. . Essa disposição vem somente de Deus.
Quarto, a multidão fez um cálculo incorreto de que a sua escolha de acreditar em Jesus era suprema para qualquer plano eterno do Pai. Jesus enfatizou que a incredulidade deles, que eles condicionaram ao aparecimento de um sinal, era irrelevante para o plano de salvação. Não importa como a multidão respondesse a Ele, Jesus não perderia uma única pessoa dada a Ele pelo Pai naquele dia. Jesus estava em uma missão divina – não para fazer a Sua própria vontade, mas a vontade do Pai.
Embora a multidão incrédula não pudesse compreender o significado das palavras de Jesus para eles, estas declarações de nosso Senhor deveriam trazer tremenda alegria e paz aos corações de todos os crentes. A lógica desta passagem demonstra primeiro que todos que o Pai dá a Jesus virão a Ele. Nem uma única pessoa resistirá, rejeitará ou recusará vir – pelo menos não de forma determinante. Todos aqueles dados ao Filho pelo Pai virão.
A passagem também mostra que todos os que vierem a Jesus serão recebidos por Ele. Jesus nunca rejeita ninguém que vem a Ele porque os crentes são um presente do Pai para o Filho. Como tal, Jesus ressuscitará cada crente para a vida eterna no último dia. Ninguém dado pelo Pai se perderá. Jesus se lembrará de todos os crentes para sempre. Esta compreensão deve confortar todos os crentes, pois no seu leito de morte, eles podem desaparecer deste mundo em perfeita paz, sabendo com plena certeza que Jesus não os abandonará na eternidade.
Quando Jesus terminou Seu discurso com essas multidões, Ele ficou com 12 ao seu redor – e um deles era um demônio (Judas). A resposta de Pedro a Jesus significou o coração de um verdadeiro discípulo: alguém que deixa tudo para trás, colocando toda a esperança e confiança no seu Salvador e Senhor. A resposta de Pedro e de mais 10 pessoas destaca como os verdadeiros discípulos respondem ao Evangelho.
Os crentes receberam compreensão das palavras de Jesus – algo que Pedro provou com sua resposta a Jesus. A multidão nunca aceitou que Jesus se apontasse como o verdadeiro pão que veio do Céu; eles continuavam pensando no pão físico para alimentar seus estômagos roncadores e que precisavam trazer algo para a mesa para manipulá-Lo para que lhes desse o que queriam.
Para os crentes, João 6 é uma imagem tão bela e séria de como nunca poderíamos ter obtido a salvação por nossa própria vontade. Quando éramos incrédulos, estávamos mais preocupados com nossas necessidades terrenas e nos concentramos no que nossas obras poderiam fazer para conquistar nossos desejos temporais. Achávamos que era o nosso plano que poderia levar Deus a fazer o que queríamos, quando e como queríamos que Ele agisse. Somente através de Jesus, o Pão da vida, alguém pode chegar a uma compreensão correta de quem Ele é e receber o perdão completo e gratuito que somente Ele oferece através do plano eterno de salvação, salvação pela Sua graça através da fé em Seu nome.
*Dr. Robb Brunansky é pastor-professor da Igreja Bíblica Desert Hills em Glendale, Arizona. Siga-o no Twitter em @RobbBrunansky.