Na manhã desta quinta-feira (18), o Amazonas perdeu um dos seus grandes ícones da música, Rudeimar Soares Teixeira – Teixeira de Manaus. O artista estava internado há 58 dias devido há um câncer. Vários artistas compartilhavam uma vaquinha para ajudar a família no tratamento.
O artista difundiu como ninguém a música de “Beiradão”. Ritmo típico da região amazônica usando seu sax alto como precursor. Com a música “Abra sua porta deixa meu sax entrar”, ganhou na enquete da Rede Amazônica (sucursal da TV Globo) como a “Música que é a Cara de Manaus”. O artista tinha 79 anos e estava internado no Hospital Santa Júlia.
Quem foi Teixeira de Manaus?
Nascido na Costa do Catalão, em 08 de dezembro de 1944, comunidade pertencente naquela época a Manaus e hoje ao município de Iranduba, região metropolitana da capital amazonense. Teixeira era o caçula de 12 irmãos e chegou em Manaus em 1953 para estudar.
Tornou-se músico aos 18 anos e começou a tocar nas boates de beira de estrada e beiradões. Em entrevista dada ao jornal A Crítica, em 1993, atribuiu o desejo pela música porque seu pai tocava pistom da banda do colégio.
Teixeira de Manaus foi um dos maiores vendedores de LPs no Brasil durante a década de 1980. Sua fama lhe rendeu apresentações e shows em todo o país, tendo seus discos produzidos por gravadoras do Rio de Janeiro e São Paulo. Sua fama veio, basicamente, das “festas de beiradão”, sendo idolatrado pelos ribeirinhos.
Seu auge como saxofonista ocorreu nas décadas de 1980 e 1990, época em que gravou diversos discos instrumentais como solista e realizou vários shows pelo Brasil. Teixeira de Manaus vendeu no estado do Amazonas mais discos que o cantor Roberto Carlos. Ganhou o “Disco de Ouro”, em 1983, por ter vendido mais de 100 mil cópias de um dos seus Lps, pela Copacabana Disco.
Teixeira de Manaus foi homenageado no Teatro Amazonas, no Festival Amazonas de Jazz, onde ganhou uma placa de homenagem exibida no Hall do Café La Giocconda e sempre é referenciado pela Orquestra de Beiradão do Amazonas (OBA). Ele é referência para a música instrumental amazonense, são dele sucessos como Deixa Meu Sax Entrar, Lambada pra Dançar, Vamos Cumbiar e Balançando o Sax, entre outros.
Pinduca, conhecido como Rei do Carimbó, sempre vinha a Manaus e procurava estar nos locais onde o Maestro Teixeira estivesse tocando com o Conjunto RT4. Em uma dessa viagens, Pinduca solicitou que preparasse uma fita cassete com 12 músicas de autoria própria a fim de gravar um LP pela mesma gravadora do artista, a Copacabana. A músicas foram preparadas e, em junho de 1980, já viajava para gravação do seu primeiro trabalho. Apesar de o disco ter sido gravado no ano de 1980 e entregue no mesmo ano para divulgação em novembro, o rótulo da gravadora, no Long Play, registra o ano de 1981.
Em 2012, Teixeira de Manaus anunciou que faria seu último show em 40 anos de carreira. Em 2023, foi diagnosticado com um tumor na hipófise e iniciou um tratamento intensivo, contando com a ajuda de amigos e familiares no custeio. Na madrugada de 18 de Janeiro de 2024, a família anunciou pelas redes sociais a morte do cantor.
Uma singela homenagem ao nosso eterno Teixeira de Manaus com medley de suas músicas, com o solo feito pelo maestro Cláudio Abrantes, no Teatro Amazonas.