A versão de fim de ano do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), estudo trimestral que monitora o sentimento dos profissionais qualificados em relação ao mercado de trabalho e à economia, acaba de ser publicada. Esta edição apresenta um ligeiro crescimento no indicador para a situação atual, que passou de 37,3 pontos para 38,2, e representou o maior nível de confiança do ano, mesmo que fora do patamar otimista. No entanto, a avaliação dos próximos seis meses diminuiu 1 ponto percentual e acende um alerta.
Confiança dos profissionais no mercado de trabalho – consolidado (em pontos)
Momento | Dezembro2022 | Março 2023 | Junho 2023 | Setembro 2023 | Dezembro 2023 |
Situação atual | 41,7 | 35,7 | 34,8 | 37,3 | 38,2 |
Próximos seis meses | 44,8 | 44,7 | 45,0 | 47,4 | 46,4 |
“Apesar de vermos uma pequena melhora da confiança no cenário atual, é importante perceber que o pessimismo ainda está presente e aumentou quando pensamos no futuro. O nível de insegurança do brasileiro em relação aos dados macroeconômicos tem sido uma constante. Entretanto, mesmo diante das incertezas, é fundamental que as empresas não se acomodem, mas sim adotem medidas proativas para enfrentar os desafios, na construção de bases sólidas para o futuro”, analisa Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul.
Além do resultado consolidado, o ICRH também apresenta os indicadores por categoria, que são três: profissionais empregados, profissionais desempregados e recrutadores. A situação atual melhorou apenas na perspectiva dos profissionais em busca por recolocação (+3,2 pp), enquanto empregados (-0,2 pp) e recrutadores (-0,3 pp) apresentaram quedas marginais. Na visão do futuro, os índices diminuíram, influenciados por todas as categorias: desempregados (-1,4 pp), recrutadores (-1,0 pp) e empregados (-0,7 pp).
Taxa de desemprego cai mais uma vez
Por outro lado, segundo resultados da PNAD, o nível de desocupação dos profissionais qualificados (a partir dos 25 anos e com graduação completa) foi de 3,3% no terceiro trimestre de 2023. No comparativo com o mesmo período do ano passado, a taxa está 0,5 pp mais baixa, além de 0,2 pp menor do que a registrada no último ICRH.
“Ao longo de 2023, observamos consecutivas quedas nas taxas de desemprego, principalmente entre os profissionais qualificados. Durante os primeiros trimestres do ano, surpresas positivas, como o crescimento econômico acima do esperado e a diminuição dos juros, contribuíram com esses números e aumentaram a demanda por trabalhadores, cada vez mais disputados”, explica Mantovani.
Para efeito de comparação, a porcentagem de desemprego da população geral, que inclui essa categoria de profissional (qualificado), foi de 7,7% no 23T3.
Oito em cada 10 empresas têm dificuldade para contratar
De acordo com o estudo, 78% dos recrutadores sinalizam dificuldades na contratação de profissionais qualificados. Entre os entrevistados, 67% acreditam que o cenário não deve mudar nos próximos seis meses, enquanto 25% creem que ficará ainda mais desafiador, o que representa um aumento de 5 pp na comparação com a última edição do ICRH, lançada em setembro.
Em paralelo, os desafios de retenção batem à porta. Dados do Caged revelam que os desligamentos a pedido do colaborador corresponderam a 40% do total de demissões do terceiro trimestre de 2023.
Os níveis de desemprego próximos dos 3% proporcionam um maior protagonismo para os profissionais em suas relações de trabalho, o que justifica o volume considerável de demissões a pedido do próprio colaborador.
Nesse cenário, cria-se a hipótese de dois movimentos: o primeiro envolve o aumento da busca por novos desafios, e, na ótica inversa, o segundo atrela as desistências à insatisfação com o trabalho, dado que os últimos anos trouxeram à tona questões sobre saúde mental e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
De olho em 2024
O mercado de trabalho brasileiro demonstrou resiliência ao longo de 2023, apesar dos desafios impostos. Para o próximo ano, planejamento deve ser a palavra de ordem, tanto para empresas quanto para profissionais.
“Dos profissionais, o cenário exige uma postura de constante aprimoramento. Em um mercado onde a competição por talentos é acirrada, investir em qualificação, atualização constante e habilidades diferenciadas é essencial”, destaca o diretor-geral da Robert Half.
“Às empresas, recomendo a revisão de processos para identificação de melhorias, a definição de metas transparentes e mensuráveis, além da busca constante por uma cultura de inovação e aprendizado”, completa.
Metodologia do ICRH – Lançado em agosto de 2017, o Índice de Confiança Robert Half (ICRH) é um indicador de difusão, lançado trimestralmente, que varia de 0 a 100. Os indicadores de difusão são de base móvel (50 pontos), construídos de forma que os valores acima de 50 pontos indicam agentes do mercado de trabalho de profissionais qualificados confiantes.
A 26ª edição do ICRH é resultado de uma sondagem conduzida pela Robert Half ao longo de novembro, com base na percepção de 1.161 profissionais, igualmente divididos em três categorias: recrutadores (profissionais responsáveis por recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas); profissionais qualificados empregados; e profissionais qualificados desempregados (com 25 anos ou mais e formação superior).