BRASÍLIA. Em depoimento de mais de cinco horas na CPI das ONGs, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, elogiou a decisão do presidente Lula de “sabidamente”, jogar a recuperação das BR-319 para as calendas, criando um grupo de estudo com exigências praticamente impossíveis de serem atendidas para que o Ibama conceda a licença ambiental definitiva para o início das obras.
Em discussão com o presidente CPI, que lhe perguntou se vale a pena sacrificar a população da Amazônia em troca da defesa incondicional do clima e citou o caso de centenas de mortes em função do atraso da chegada de oxigênio em Manaus durante a pandemia, porque a BR-319 estava quase intransitável. Em suas respostas, Marina deixou claro que , se depender dela, a obra não sai se não cumprir três requisitos: viabilidade social, econômica e ambiental.
“Ministra eu queria perguntar: vale a pena salvar a humanidade do futuro, condenando essa gente aí, do presente, à morte, milhares que morreram por falta de oxigênio porque a Ministra não permite a BR-319?”, questionou o senador Plínio Valério.
Marina alegou que saiu do ministério há 15 anos e não aceitaria ser responsabilizada pelo não andamento da obra e da crise do Oxigênio. E ironizou que se os requisitos não forem atendidos pelo Dnit, a estrada não será feita para o povo passear de carro, ignorando a importância do fim do isolamento na região.
” Não tenho dúvida de que as pessoas querem o direito de ir e vir, mas a viabilidade econômica e ambiental, a não ser que seja para converter as áreas de mais de 400 km de floresta virgem em outro tipo de atividade, não tem viabilidade . Ambientalmente e economicamente, não se faz uma estrada de 400 km, no meio de floresta virgem, apenas para passear de carro se não estiver associada a um projeto produtivo”, respondeu Marina Silva.
Ao dizer que o presidente Lula sabidamente encomendou mais estudos sobre a BR-319, Plínio lembrou que não adianta estudos, já que a palavra final sempre foi do Ibama , dominado pela ONGs que impedem as obras.
“A palavra final, a palavra final, que diz que não pode, que não complementou, que não atende as exigências, quem dá é o Ibama?”
“Quem manda é a lei, é a Constituição”, disse Marina
“Não, senhora, quem manda no Ibama, quem manda no ICMBio são as ONGs. Isso vai constar no relatório”, avisou o senador Plínio.