Segundo a 4intelligence, empresa que desenvolve soluções para dar suporte a tomadas de decisões baseadas em análise de dados, o Índice de Governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não avançou em outubro, chegando ao mesmo percentual do mês anterior, 43%. É a repetição do pior resultado de seu terceiro mandato e o quinto mês seguido que Lula não atinge marcas iguais ou superiores a 50%. Seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro, conseguiu alcançar 50% no I-Gov apenas em outubro de 2019, no seu primeiro ano à frente do Brasil.
O I-Gov é um indicador que avalia a capacidade de o governo federal implementar uma agenda de interesses do Poder Executivo junto a diversos atores políticos do país, incluindo o Legislativo, o Judiciário e a opinião pública. A série histórica do I-Gov revela que índices superiores a 75% indicam condições extremamente positivas para o exercício da presidência. Por outro lado, números acima de 50%, e abaixo de 75 pontos, apontam possibilidades de o trabalho ser realizado, mas também sugerem riscos de o mandatário enfrentar algum tipo de desafio mais delicado. Essa métrica oferece uma visão abrangente da dinâmica governamental, considerando as interações com diferentes setores e os possíveis contratempos que podem surgir no cenário político.
A empresa avalia que a situação se torna mais crítica quando os resultados ficam abaixo de 50%. No entanto, se o índice for inferior a 40%, o cenário se torna insustentável, podendo forçar o presidente a deixar o cargo. Um exemplo desse contexto foi o caso de Dilma, que acumulou cinco meses seguidos abaixo de 40 pontos em 2015, resultando em rompimento com o então presidente da Câmara e a abertura de seu impeachment em dezembro. Em 2021, Bolsonaro registrou, após levantar voz contra o STF em setembro, um mês abaixo dos 40%, alavancando seu desempenho em 2022 para quase ser reeleito.
Legislativo: governo atinge sua pior marca desde o início do ano
Na dimensão Legislativa, em outubro Lula repetiu os resultados de setembro e não aprovou uma MP (Medida Provisória) sequer, sendo que duas matérias perderam a eficácia. O indicador aqui chegou a 14%, se igualando aos piores resultados da série vivenciados pelo governo de Dilma II entre abril e maio de 2015.
Judiciário: apresenta o melhor índice
Em outubro de 2023, embora o governo Lula III siga mostrando resultados em patamares inferiores aos seus dois mandatos anteriores, não houve a conclusão de qualquer decisão (individual ou coletiva) em ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) no período, sem impactos sobre a lógica de governabilidade. Assim, entre julho e outubro, essa dimensão do índice mostrou estabilidade no limiar próximo a 60%. Por fim, destaca-se que Lula continua não sofrendo qualquer efeito, positivo ou negativo, resultante de poucas ADIs em face de legislação por ele produzida.
É relevante destacar que para o Judiciário, o I-Gové obtido a partir de um cálculo do comportamento das decisões que envolvem o Executivo como resultado de médias dos 12 meses mais recentes de um dado governo. Tendo em vista que Lula ainda não completou seu primeiro ano no poder, o indicador ainda é marcado por certa instabilidade.
Opinião pública: Lula mantém certa estabilidade, mas não consegue reverter cenário polarizado
Em relação à opinião pública, o presidente segue uma caminhada em linha reta. Se não perdeu o espaço que seu antecessor registrou entre janeiro e outubro de 2019, também não se mostrou capaz de atenuar a lógica política polarizada. Para os fins do I-Gov, o cálculo da dimensão da opinião pública em outubro, tendo por base a média das pesquisas divulgadas no mês, e considerando peso um para as avaliações positivas e peso meio para as percepções regulares, Lula atingiu 53,1%, resultado discretamente superior aos 52,5% de setembro. Desde que assumiu o poder, o atual presidente conseguiu manter resultados iguais ou acima dos 50 pontos. Se por um lado as avaliações parecem não levar Lula a um patamar capaz de furar a bolha da polarização eleitoral vivida em 2022, ao menos o presidente demonstra resiliência que seu antecessor não apresentou.
Sobre a 4intelligence
A 4intelligence é especialista em ciência da decisão. Desenvolve soluções para dar suporte a tomadas de decisões baseadas em análise de dados, por meio de modelagem econométrica e inteligência artificial. A tecnologia possibilita a estruturação e customização de processos decisórios em larga escala, visando que respostas acuradas sejam entregues sempre que houver mudanças no cenário econômico, num fluxo constante. Além disso, a empresa já recebeu mais de 120 prêmios pela acurácia de projeções, dentre os quais se destacam os do Banco Central, do Ministério da Fazenda, da Agência Estado e da Consensus Economics.