Como criar uma cultura de inovação nas empresas, seja de qual porte forem ou segmento que atuem? É possível inovar de forma constante? A inovação implica em altos custos? Apenas grandes empresas podem inovar?
Segundo o Instituto Internacional em Segurança Psicológica (IISP), única instituição autorizada e capacitada internacionalmente para conceder a certificação em Segurança Psicológica a profissionais e empresas no Brasil e em todos os demais países de língua portuguesa, é possível desenvolver uma cultura de inovação constante nas companhias, mesmo nas de menor porte e com menos recursos. “A inovação pressupõe uma base de relacionamento entre os times calcada na segurança psicológica”, afirma Patrícia Ansarah, psicóloga, mentora organizacional e fundadora do Instituto Internacional em Segurança Psicológica
O termo “segurança psicológica” foi cunhado originalmente pela Dra Amy Edmondson no início dos anos 90, difundido pelo Google no chamado Projeto Aristóteles e significa “a crença compartilhada pelos membros da equipe de que a equipe é um ambiente seguro para se tomar riscos interpessoais”. “Ou seja, dentro de um time, como é possível inovar se as pessoas não se sentem seguras suficientemente para expor suas ideias, apresentar novas formas de atuação, debater incômodos? Se elas não estiverem em um ambiente preparado para isso, nunca vão questionar o status quo e sem questionamento, não há inovação”, explica Patrícia.
Patrícia enumera alguns passos simples para começar a implementar a cultura de inovação nas empresas. São eles:
- Entender a diferença entre eficiência e inovação. Enquanto a eficiência é sinônimo de resultados previsíveis, inovar pressupõe estar aberto ao novo, ao imprevisível, ao diferente. Na cultura de inovação, a empresa se abre a novos experimentos e isso só é possível quando os funcionários sabem que podem propor sem medo de julgamentos e retaliações. Segundo Neil Pretty CEO da Aristotle Performance, eleito Top 100 Innovator de Vancouver e um dos autores de ‘Livre para falar – como a segurança psicológica pode ser a principal alavanca para garantir a sustentabilidade do negócio, livro lançado pelo IISP, a experimentação, a criatividade e a tomada de riscos são elementos essenciais para a cultura da inovação.
- O líder deve estar disposto a abrir o caminho. “É fundamental que o líder abra o caminho. As pessoas se sentirão mais seguras para propor as mudanças que desejam se veem alguém em quem podem se espelhar e confiar”, afirma.
- Aprendizado constante. A cultura de inovação também pressupõe o aprendizado constante e a criação de um ambiente propício a isso. É preciso que as questões sejam vistas sob a perspectiva do aprendizado e não da competição. “Se todos olham para um tema pensando em como podem aprender com ele, as chances de conseguir chegar a um novo patamar é grande. O mesmo não ocorre quando um quer se sobressair sobre o outro, pois assim não há espaço para agregar os diferentes insights e chegar a uma conclusão conjunta”.
- Momentos de troca. A cultura de inovação demanda momentos de trocas para que todos possam contribuir com suas ideias. “Se todos estiverem apenas focados na boa execução de suas tarefas, sem esse espaço para pensar diferente, para trocar, dificilmente algo novo vai surgir”, explica.
- Melhoria constante. “Pretty diz que é importante mudar o mindset de ‘bom o suficiente’ para ‘melhoria constante. Pensando dessa forma, assumimos internamente um compromisso de olhar nossas tarefas com aquele olhar curioso, atento e questionador: como posso fazer isso melhor? Ou como posso criar algo novo a partir daqui?”.
- Desapego ao passado. Segundo Patrícia, outro conceito fundamental trazido por Pretty é o desapego ao passado.
“Pretty nos ensina que é importante você desapegar do que acreditava ser certo ou ser o melhor caminho a partir das novas informações e seguir em frente a partir desses dados. A cultura de inovação pressupõe esse movimento constante de aprendizado, troca, criatividade e evolução. E isso pode ser aplicado em qualquer empresa, de todos os portes, desde que a segurança psicológica seja a base de sua cultura”, afirma.