Os republicanos escolheram Steve Scalise como seu indicado para ser o novo presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.
Ele derrotou o outro candidato republicano, Jim Jordan, por 113 votos a 99 em uma reunião a portas fechadas no Capitólio dos EUA. Jordan era apoiado pelo ex-presidente Donald Trump.
O presidente da Câmara é um dos cargos mais importantes dos EUA, responsável por liderar a câmara baixa do Congresso.
O próximo passo será uma votação no plenário da Câmara, cuja data ainda não foi marcada. Scalise devera ter uma maioria simples de votos (217) para conquistar o cargo.
A Câmara está agora em recesso enquanto Scalise luta para reunir os votos necessários em seu partido.
Não se sabe quando a Câmara será convocada para a votação em plenário. Quando questionado sobre isso, o presidente em exercício, Patrick McHenry, respondeu: “Veremos”.
McHenry acrescentou que Scalise “tem o direito de reunir os seus votos e garantir que tenha o momento certo”.
“Vamos deixar isso acontecer”, apontou.
Titular anterior do cargo, o republicano Kevin McCarthy foi destituído por parlamentares do seu próprio partido, que se revoltaram e o tiraram da presidência da Câmara — um movimento sem precedentes na política dos EUA.
Falando aos repórteres após a votação secreta, Scalise disse que ocupar o cargo de presidente da Câmara seria vital num “mundo cada vez mais perigoso”.
“Precisamos ter certeza de que estamos passando uma mensagem… de que a Câmara está aberta.”
Enquanto isso, os democratas indicarão Hakeem Jeffries, de Nova York, para o cargo. Entretanto, como partido minoritário, a escolha dos democratas tem poucas chances de atingir o número mágico de 217.
O partido Republicano tem sido atormentado por lutas internas nas últimas semanas e parecia incapaz de chegar a um acordo sobre a substituição de McCarthy.
A estreita vitória de Scalise realça as divisões dentro do partido, e alguns parlamentares demonstram desconfiança de que ele terá os votos necessários para garantir a posição.
Entre os republicanos que ainda se opõem a ele está Thomas Massie, do Kentucky, que disse aos repórteres que sua rejeição é um “não veemente”, pelo menos na votação inicial, por conta de divergências com Scalise sobre o a gestão do orçamento.
Massie diz acreditar que pelo menos 20 republicanos também votariam contra Scalise — significativamente mais do que os cinco votos que ele poderia perder.
Vários outros republicanos, incluindo Lauren Boebert (Colorado), Marjorie Taylor Greene (Geórgia) e Anna Paulina Luna (Flórida), disseram que não pretendem votar em Scalise.
O parlamentar Chip Roy, do Texas, afirma que seu “não” também é veemente, porque a votação foi “apressada” para chegar ao plenário.
“Há uma série de votos que são duvidosos para Steve”, diz Roy. “Não acho que seja uma boa ideia estarmos correndo para o plenário.”
Scalise é um candidato tradicional. Ele ascendeu à liderança do partido, construiu uma reputação como um grande arrecadador de fundos e buscou construir conexões com todos os grupos de interesse e círculos eleitorais do partido.
Jim Jordan era o outsider (alguém de “fora” da política tradicional) que alcançou a fama com falas conservadoras na televisão, com uma retórica bombástica e uma postura de confronto em comitês.
O apoio de Trump, no final, não foi suficiente para colocar Jordan como o nome escolhido pelos republicanos.
Isso sugere que, quando as portas estão fechadas e as votações são secretas, a influência do ex-presidente dentro do partido — pelo menos na Câmara dos Representantes — não é tão forte como a sua popularidade nas pesquisas eleitorais pode indicar.
Mas nada está garantido para Scalise. O frágil domínio dos votos republicanos foi a ruína do ex-presidente da Câmara, Kevin McCarthy. Scalise terá de demonstrar habilidade política se quiser evitar um destino semelhante.
Por Bernd Debusmann Jr e Anthony Zurcher/BBC News em Washington