A 23ª edição do Futurecom chega ao fim com público de 32 mil visitantes e entrega do Prêmio Estande Sustentável. Os premiados foram DocuSign, Deutsche Telekom, Ciena Communications Brasil e American Tower do Brasil, representando respectivamente as categorias Verde, Amarelo, Azul e Branco.
Também foram destaques as discussões sobre o crescimento do setor de telecomunicações no Brasil. O painel “A reinvenção dos Cabos Submarinos: As novas dinâmicas, modelos de negócio e novos entrantes no jogo” mostrou como a entrada das OTTs movimentou a dinâmica do ecossistema de cabos submarinos, alterando preços e levando os provedores a diversificarem os serviços. O debate teve participação de Tatiana Fonseca, EVP de Operações da Cirion; Rafael Lozano, Country Manager da Ellalink; Marco Canongia, Diretor da Lumicom; e Alexandre Salomão, Country Manager da Infinera.
Rafael explicou que a inteligência artificial gerativa reúne informações e dados da internet, conecta esses recursos, compreende e devolve um resultado. Isso demanda capacidade tanto das redes terrestres quanto das redes submarinas. O especialista acredita que a tendência é levar o conteúdo cada vez mais para perto do usuário com o edge computing, diminuindo a latência e aumentando a velocidade.
Tatiana Fonseca concorda que a IA Generativa vai causar um aumento de dados e que, provavelmente, essa demanda será centralizada, já que esse é o histórico das hyperscalers – como o Google, Amazon e Meta. Para aumentar a capacidade da América Latina, a Cirion pretende abrir dois novos Data Centers, um no Peru e um no Chile, já antecipando a demanda desses países
Já Alexandre Salomão disse que a Inteligência Artificial já vem atuando em novas tecnologias para cabos submarinos há muitos anos, como no planejamento de rede para aumentar a eficiência dos cabos existente, acompanhando os parâmetros de funcionamento dos cabos para prever e atuar de maneira corretiva e automatizando as rotas de backup no caso eventual caso de falhas do sistema de cabos
Atender demandas das empresas deve ser foco do desenvolvimento do IoT
“Precisamos lembrar que a Internet das Coisas” (IoT em inglês) não é o nome de uma tecnologia específica, mas de um conjunto de tecnologias que atende necessidades de negócios”, afirma o presidente da ABINC (Associação Brasileira de Internet das Coisas), Paulo José Spaccaquerche, ao iniciar o painel “ IoT: Suas novas soluções, tecnologias aplicadas e casos de uso. As multiplicidades de possibilidades que o IoT apresenta para solução de dores das mais variadas verticais“
Segundo o diretor da American Tower, Janilson Bezerra, a IoT não é uma escolha, mas parte da estratégia das empresas. Para o diretor de IoT and M2M da Claro, Eduardo Polidoro, esses ganhos produtivos já acontecem e são diferenciais competitivos para as empresas. Também participaram do painel Roberto Celestino Pereira, Head of Digital Technology Innovation da NTT Data; Alexandre Oliveira Dal Forno, Head de Marketing Corporativo e IoT da TIM; André Martins, CEO da NLT, e Henrique Almeida Nogueira, Chefe de Departamento do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
Avanço do AIoT esbarra em desafios organizacionais de empresas e governo
Parque industrial majoritariamente antigo, déficit de conectividade e diferentes níveis de amadurecimento empresarial para trabalhar, seja para receber inovações ou trabalhar dados obtidos com tecnologia, são alguns dos desafios do Brasil apontados por Evair Gallardo, Diretor da Associação Brasileira de Internet (Abranet); Roberto Gomes Correa, Industry Technical Specialist da Intel; Cassio Magnino, Expert Associate Partner na McKinsey, e Ricardo Montanher, Sales Director B2B da Ligga, durante o painel “AIoT e edges inteligentes: expandindo os benefícios da conectividade, da nuvem e da inteligência de dados hiperautomação“.
De acordo com Magnino, o amadurecimento empresarial precisa ser identificado antes da se aplicar a AIoT nas companhias. “Existem desafios relativos à governança dos dados. É muito comum que internamente ainda se discuta quem é o dono do dado, se o departamento de tecnologia ou o de negócios”.
Na opinião do mediador do painel, Israel Guratti, manager Technology & Industrial Policy – Innovation na Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), a Inteligência Artificial quando utilizada com responsabilidade traz eficiência para as tarefas realizadas por pessoas, melhorando a prestação de serviços e antecipando riscos.
Usos de frequência do 5G
No final de 2021 o governo federal contemplou operadoras para a aplicação do 5G no Brasil e estabeleceu os chamados compromissos de abrangência. Para o ano que vem, por exemplo, a meta da Anatel é ampliar a quantidade de antenas nas capitais para o mínimo de uma antena para cada 30 mil habitantes. Até 2026, 30% dos municípios com população inferior a 30 mil – que significa a maior parte das cidades brasileiras com 4.396 municípios – estejam atendidas pela quinta geração.
Para discutir e entender o papel de novas empresas entrantes nesse mercado e seu papel nesse planejamento, foi realizado o painel “Usos de frequência do 5G: novos entrantes, decisões (e desdobramentos) em torno dos 700MHz”.
O debate, mediado pelo CEO da Futurion, Caio Bonilha, contou com a participação do superintendente executivo da Anatel. Abraão Balbino destacou a importância do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) para incentivar a expansão do mercado. “Sabíamos que, por uma questão natural, a consolidação do mercado móvel iria acontecer. O PGMC foi a trilha estruturante do processo regulatório, introduzindo no mercado móvel um conceito parecido com o que foi feito nos últimos 15 anos no mercado fixo”, afirmou o executivo.
“O leilão do 5G foi uma peça do quebra-cabeça, mas não é a única aposta da Anatel. Temos uma obsessão pela competição. Em 2017, por exemplo, o mercado fixo era 92% dominado por grandes operadoras, e atualmente são 56% são das pequenas e médias operadoras. Abrir o negócio para novos entrantes é inegociável para a Anatel”, completou Abraão.
A apresentação ainda contou com as participações de Frederico Trindade, gerente executivo de Negócios, Treinamento e Consultoria da Inatel; José Roberto Nogueira, CEO da Brisanet; Sergio Bekeierman, CEO da Winity; Rodrigo Schuch, presidente da Associação NEO; Gabriel Codo, partner na McKinsey & Company; e Felipe Aguiar, gerente de Projetos da TelComp.
Os usos éticos da IA e a evolução dos debates em torno do Marco Regulatório
Os usos éticos da IA ganharam novos contornos diante da corrida da IA generativa. Este tema foi discutido no painel “Muito além da ficção científica: os usos éticos da IA, os impactos da IA generativa, a evolução dos debates em torno do Marco Regulatório e as aplicações disruptivas para a sociedade“, com a mediação de Jefferson Lopes Denti, Partner da Deloitte, e participação de Danilo Macedo, Líder de Relações Governamentais e Assuntos Regulatórios na IBM Brasil; Abraão Balbino, Superintendente Executivo da Anatel; Alexandre Freire, Conselheiro da Anatel; Nairane Rabelo, Diretora da ANPD; e Dora Kaufman, Professora da PUC-SP.
Para Dora Kaufman, existe uma dificuldade em criar um marco regulatório em todo o mundo ocidental, já que em uma democracia as ideias precisam ser discutidas por todos os setores. Segundo a especialista, a IA é uma tecnologia de propósito geral, ou seja, ela muda a lógica de funcionamento da economia.
“A PL 2338/2023 não está pronta para ser um marco regulatório, mas é um ponto de partida”, disse Dora. Ela acredita que é preciso trazer toda a sociedade para a conversa, como na Europa, em que criaram um observatório e uma comissão de 54 especialistas para entender como a IA está sendo utilizada.
Nairane Rabelo, da ANPD, também acredita que o PL 2338 evoluiu a discussão e está mais maduro que outros Projetos de Lei, já demonstrando uma preocupação em conciliar a tecnologia com os direitos constitucionais. Ela enxerga uma tangência com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), já que a Inteligência Artificial Generativa utiliza todo o tipo de dados, inclusive pessoais, para o seu funcionamento. O direito da alteração dos dados pessoais, revisão de decisão automatizada, a transparência no processo de decisão são alguns exemplos citados pela especialista.
Alexandre Freire, da Anatel, contou sobre sua experiência com o uso da inteligência artificial no Supremo Tribunal Federal. O Projeto Victor é uma IA que identifica temas e recursos repetitivos e faz uma triagem para que o STF possa se debruçar sobre temas com grande demanda.
A Inteligência Artificial RAFA também está sendo utilizada para a implementação da Agenda 2030, que identifica recursos relacionados a ODS e acelera o seu julgamento. O Projeto VitórIA é a ‘irmã mais nova do Victor’, e seu objetivo é conferir maior organicidade para o trabalho do STF, identificando matérias semelhantes e agrupando em um julgamento único, com o objetivo de combater a insegurança jurídica e perda de credibilidade do Judiciário brasileiro.
Danilo Macedo, da IBM, acredita que a IA tem um impacto a todos, por isso, precisam trabalhar juntos para uma solução de regulação. O palestrante quer juntar as universidades, centros tecnológicos de academias, empresas que desenvolvem tecnologia de IA, empresas e pessoas que utilizam a IA e o Governo, um dos maiores utilizados da inteligência artificial com o GOV.BR.
“Está claro que a IA traz vários benefícios e pode ajudar a resolver grandes problemas da sociedade”, Danilo exemplifica com a logística e distribuição de alimentos e combate a mudanças climáticas. Os riscos estão no uso equivocado da IA, com a responsabilidade de quem desenvolve ferramentas de IA.
Abraão Balbino, da Anatel, destacou que a IA surge de uma evolução natural das tecnologias de informação e comunicação, que, ao terem a capacidade de processamento de muitos dados e informações, saem de soluções programadas para soluções estatísticas. “O que a gente quer é que a inteligência artificial seja focada no ser humano”. Ele considera que IA precisa ser ética, sustentável e que respeite os valores culturais de onde ela está sendo utilizada.
RAN 5G: conectividade de ponta a ponta
Plataformas e interfaces de fonte aberta são fundamentais para o desenvolvimento de soluções em 5G nos mais diversos setores, e o programa Open RAN chega para oferecer alto desempenho na educação, pesquisa, inovação e democratização do acesso à internet no Brasil. A parceria entre RNP, CPQD, Inatel e Eldorado foi lançada em 2021, e trata-se de uma rede 5G aberta e desagregada, incluindo o controle inteligente de redes de acesso.
Esses foram os temas do painel “RAN 5G: OpenRan, RAN Intelligent Controller, hardware servidores e conectividade de ponta a ponta”, que contou com a mediação de Marco Canongia, sócio-diretor da Lumicom. No debate, a gerente sênior de Desenvolvimento de Negócios da VMware, Ximena Perez, falou sobre o desafio da interoperabilidade de rede entre diversos fornecedores.
“Algumas empresas usam de uma rede ampla com tudo do mesmo fabricante: software, hardware, controladores. Mas o objetivo da tecnologia é criar um ecossistema amplo de parceiros para oferecer sistemas robustos e completos, desenvolvendo softwares especializados para cada função e validando com a nossa plataforma de virtualização”, afirmou a executiva.
Para o diretor de Engenharia de Vendas da Ciena, Décio Coraça, o transporte é parte fundamental desse ecossistema e precisa desenvolver soluções voltadas para a evolução do 5G, mas dentro de um contexto aberto e com plataformas interoperáveis.
“Para absorver qualquer novo serviço, a infraestrutura precisa ser monetizada, gerando receita para o mercado. Hoje, com o 5G ainda incipiente, muitas das iniciativas são de levar a conexão para o maior número de usuários usando a infraestrutura existente. Daqui em diante, a prioridade deve ser a ampliação da infraestrutura de forma escalável e integrável”. explicou o diretor. O painel ainda contou com as participações de George Glass, CTO do TM Forum; e Izabella Coeli, arquiteta sênior em Vendas da RedHat.
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