Com o tema Setembro Amarelo: prevenção e intervenção, a webconferência Diálogos na Atenção Primária à Saúde (APS) realizada, nesta quarta-feira, 27/9, encerrou a campanha de prevenção ao suicídio e valorização da vida, realizada pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
O tema foi desenvolvido pela psicóloga Vivian Silva Lima Marangoni, doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), que é professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e atua na Rede de Atenção Psicossocial e na saúde integral LGBTQIAPN+. A psiquiatra Valéria Cerqueira Ribeiro de Lima, pós-graduada em Saúde Mental, do Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil Leste (CapsI) Leste, também participou da conferência virtual.
A apresentação foi conduzida pela chefe da Divisão da Rede de Atenção Psicossocial da Semsa, Jeane Leite, que enfatizou o compartilhamento de conhecimentos e experiências como uma estratégia importante para fortalecer a rede de atenção psicossocial.
“Agradeço a colaboração dessas duas profissionais em compartilhar seus conhecimentos conosco e reitero que esses encontros fortalecem o nosso trabalho como um todo”, pontuou.
Ao iniciar sua explanação a psicóloga Vivian Silva Lima Marangoni, afirmou que um profissional da rede especializada consegue prestar um atendimento de qualidade com o apoio das equipes que trabalham na “porta de entrada do SUS”, que são os servidores da atenção básica.
A profissional de saúde destacou que nesse nível assistencial, algumas orientações são necessárias para identificar situações de crise, que podem chegar até uma unidade da Semsa e para as quais o apoio do profissional de saúde é fundamental. A psicológica exemplificou que os usuários podem apresentar comportamentos autolesivos, de estresse ou transtorno de ansiedade, sinais de depressão e ideação suicida ou tentativa de suicídio.
“São situações complexas em que o profissional precisa apoiar a pessoa para que ela seja clara sobre o seu pedido de ajuda. Muitas vezes esse usuário não consegue expressar sua queixa de forma clara, está confuso e tem sua capacidade de julgamento reduzida. É necessário ajudá-lo a organizar seus pensamentos para que a linha de conduta seja acertada com ele. É importante que não se encerre o contato até que algumas decisões razoáveis tenham sido tomadas e ambos tenham chegado a um acordo quanto a uma linha concreta de ação”, frisou.
Como estratégias para lidar com a crise, Vivian destacou a importância das equipes ajudarem a controlar as emoções, evitar julgamentos e opiniões pré-concebidas e considerar todas as informações prestadas, por exemplo.
Prevenção
A psicóloga Valéria Cerqueira Ribeiro, do Caps Leste, marcou sua participação enfocando os três níveis de prevenção ao suicídio, sendo o primário, pautado em ações educativas, o secundário, direcionado aos grupos de risco e o terciário para indivíduos que tem ideação ou planejamento. Nesse aspecto, identificar os fatores de risco e sinais de alerta é um passo fundamental para prevenir desfechos trágicos.
Valéria apontou que além das doenças crônicas, fatores educacionais e profissionais, tentativas anteriores de suicídio, história familiar e mudanças comportamentais (tristeza, solidão e baixa autoestima) precisam ser observados com atenção porque tornam as pessoas mais vulneráveis.
“Se uma pessoa é diagnosticada com alzheimer por exemplo, ela está mais vulnerável. Aumentam as chances de ocorrências de pensamentos e tentativas de suicídio. Outra situação é a pouca instrução e as dificuldades de se colocar no seu trabalho. São situações que envolvem risco e precisam ser consideradas pelas equipes de saúde”, enfatizou.
O Setembro Amarelo é um movimento mundial de valorização da vida que tem o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a importância da empatia, do acolhimento e as formas de prevenção ao suicídio.