Segundo dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), desde julho de 2022, a energia solar vem apresentando crescimento médio superior a 1 GW por mês. Em agosto de 2023, o Brasil atingiu a marca de 33 GW de capacidade operacional da fonte solar. Caso essa crescente se mantenha até dezembro, isso significaria que o Brasil somaria, ao menos, mais 5 GW até o final do ano, fechando 2023 com, pelo menos, 38 GW de capacidade operacional.
No período de 2019 a 2023, Minas Gerais conquistou aproximadamente R$ 84 bilhões em investimentos na área de geração de energia solar fotovoltaica, abrangendo 57 projetos de geração centralizada.
Atualmente, o estado ocupa a posição de destaque como líder em instalações solares, totalizando 6,7 GW de capacidade instalada. Esse número engloba tanto usinas de grande porte quanto a instalação de painéis solares em residências, edifícios, estabelecimentos comerciais e áreas rurais para autoconsumo. 100% dos 853 municípios do Estado tem ao menos uma unidade de geração de energia solar fotovoltaica.
Uma medida local de grande importância foi a simplificação do processo de licenciamento ambiental para projetos de energia solar, resultando em uma considerável redução do índice relacionado ao potencial poluidor/degradador das usinas. Anteriormente, as usinas solares eram classificadas de maneira semelhante às hidrelétricas, o que resultava em uma complexidade desnecessária e incompatível com a realidade. A simplificação desse processo agilizou a obtenção de licenças para esses empreendimentos.
Esse conjunto de medidas teve um impacto significativo no desenvolvimento da energia solar no estado, aumentando sua participação na matriz energética de menos de 4% para 17%. Isso reduziu a dependência das fontes hídricas como principal fonte de energia.
Além disso, o governo estadual colaborou com as prefeituras para fomentar a implementação de projetos de energia solar em todo o estado. Isso incluiu a instalação de painéis solares em edifícios públicos e a criação de ambientes favoráveis para atrair empresas do setor. Algumas prefeituras até lançaram seus próprios programas de energia fotovoltaica, assegurando que os benefícios da energia renovável fossem disseminados em todo o estado, tornando a energia solar acessível em 100% do território estadual.
Segundo José Otávio Bustamante, fundador da energytech Juntos Energia, com sede em Itajubá (MG), o Brasil é um país privilegiado em relação à energia renovável. “Temos um grande volume do recurso hídrico, o que impacta diretamente na geração de hidrelétricas, por exemplo, e uma disponibilidade solar muito grande, o que nos difere de outras economias e outros países. O avanço da energia solar do Brasil se deu a partir de 2012, com a regulamentação da Lei de Geração Distribuída, ocasionando um crescimento exponencial gradativo”.
A empresa, que hoje opera em Minas, Pernambuco e interior de São Paulo, quer alcançar sete estados brasileiros até dezembro de 2023. A companhia é a primeira brasileira a conseguir conectar usinas de energia solar ao cliente final, e utiliza como modelo de negócios a chamada geração de energia compartilhada. A economia varia de região para região, podendo chegar a até 20% de desconto no valor final da conta de luz.
“O que fazemos é conectar geradores independentes remotos de energia com o cliente final. Ou seja, o cliente não precisa investir em equipamentos próprios, e sim utilizar a própria rede distribuidora para receber energia remota sem precisar fazer nenhum tipo de investimento inicial”, explica Bustamante.
O interesse do brasileiro por energia renovável cresce ao longo do tempo. Segundo Bustamante, isso se deve à conscientização sobre os cuidados com o meio ambiente. “Ao longo do tempo, fomos educados e adotamos novas posturas em relação ao meio ambiente. Vemos isso mudando positivamente e gradativamente e isso precisa continuar nessa direção. Ao mesmo tempo em que se busca economia, não se pode deixar de lado a preocupação com os fatores ambientais. Os países têm se preocupado também cada vez mais em ‘descarbonizar’ a economia, reduzindo a pegada de carbono ano a ano, e a energia é altamente relevante para atingirmos essa meta”, destaca o fundador da Juntos Energia.