As decisões em série tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos últimos meses contrárias a legislação aprovada no Congresso, agora em votações virtuais, foram apontadas pelo senador Plínio Valério (PSDB-AM) como grave risco à democracia e que levarão a revolta popular, desarranjos sociais e econômicos no Brasil.
Ele citou a corrida do STF para derrubar o constitucional marco temporal para novas demarcações de terras indígenas, antes da votação da regulamentação em curso no Congresso, a permissão do aborto até a 12ª semana de vida do feto, descriminalização do porte de drogas e a extinção de parte da discutida reforma trabalhista que impôs o fim do imposto sindical, voltando agora turbinado com o desconto de 12% do salário dos trabalhadores.
“A democracia brasileira, que é nova, que é recente, corre sérios perigos. Quando um Poder adentra o poder do outro, quando a Mídia é comprada, quando há polarização extrema, quando há intolerância às críticas, quando há restrição à liberdade civil. Assim é que morre a democracia, e não na base do fuzil, da bala e do canhão”, alertou Plínio Valério.
“Por que eu falei desses assuntos todos? Porque eu quero chamar mais uma vez, pela enésima vez. E, em outras vezes, farei isso aqui, porque eu não posso me omitir, porque eu sou daqueles que entendem que a história não perdoa os que se omitem nos momentos importantes. Certos ou errados podemos ser, mas não podemos é abandonar o campo de batalha, e eu não vou abandonar. A democracia corre perigo”, explicou o parlamentar na tribuna do Senado.
Falando do poder supremo autoconcedido pelos ministros do STF, em conluio com membros do Executivo, Imprensa e lideranças do Legislativo, Plínio observou que, ao contrário do que se pensa, as guerras não são praticadas só com fuzil, com canhão, com metralhadora, com sangue : as grandes guerras também acontecem quando aquelas pessoas investidas de poder usam as instituições as quais dizem defender para matar a democracia.
“São pessoas que estão no Poder Executivo, Judiciário, Legislativo, que usam desse poder para assassinar a democracia. E o que é pior: em nome da democracia. E nós estamos vendo isso aqui hoje no país, no Brasil. Portanto, no meu entendimento , claro, que pode ser falho, mas o meu entendimento é a minha opinião , nós corremos perigo, sim “, disse Plínio.