Na mesma semana em que Nova York recebeu líderes do mundo inteiro para a 78ª Assembleia Geral da ONU, na outra ponta dos EUA, o estado da Califórnia entrou com uma ação contra as petroleiras ExxonMobil, Shell, bp, ConocoPhillips e a American Petroleum Institute por minimizarem os danos causados pelo uso de combustíveis fósseis.
O governo californiano alega que as indústrias enganaram a população durante décadas, de maneira intencional, sobre os riscos de mudanças climáticas relacionados aos seus produtos.
E quer criar um fundo destinado a comunidades afetadas por desastres ambientais, a fim de auxiliá-las na adaptação aos eventos extremos.
O litígio da Califórnia contra empresas de combustíveis fósseis não é o primeiro nos EUA, mas é o maior até agora, de uma moda que está pegando.
Levantamento das Nações Unidas mostra que o número de casos relacionados à mudanças do clima mais do que dobrou mundialmente desde o primeiro relatório sobre o assunto em 2017, de 884 para 2.180 em 2022. E a maioria dos casos ocorreu nos Estados Unidos.
As majors se defendem, com seus planos de redução de emissões, diversificação de portfólio para renováveis e compra de créditos de carbono.
Mas eles são considerados insuficientes para cumprir com o Acordo de Paris, que visa restringir o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais.
De acordo com uma análise do Carbon Tracker, publicada no início de setembro, entre as 25 maiores empresas de óleo e gás do mundo, apenas a europeia Eni tem potencial para se alinhar aos objetivos do acordo assinado em 2015.
Enquanto isso, a humanidade “abre as portas do inferno” disse ontem (20/9) o secretário geral da ONU, António Guterres, durante a abertura da primeira Cúpula sobre Ambição Climática de Nova York.
Ao descrever cenas angustiantes de agricultores que observam impotentes as colheitas arrastadas pelas inundações e o êxodo em massa de pessoas que fogem de incêndios florestais históricos, Guterres fez um apelo a empresas e instituições financeiras para que embarquem em caminhos verdadeiros para emissões líquidas zero.
“Todas as empresas que realmente fazem negócios devem criar planos de transição justos que reduzam as emissões de forma credível e proporcionem justiça climática”, disse o chefe da ONU.
No Reino Unido
Do outro lado do Atlântico, no Reino Unido, o primeiro-ministro Rishi Sunak anunciou que o país vai adiar em cinco anos a proibição da venda de veículos a gasolina e diesel. Segundo Sunak, o país seguirá um caminho “pragmático, proporcional e realista para atingir emissões líquidas zero até 2050”.
A proibição programada para 2030 foi prorrogada para 2035, e nem todo mundo ficou satisfeito.
A Ford soltou uma nota criticando a medida, por entender que gera insegurança para os investimentos já planejados para eletrificar a produção de veículos no país.
O governo britânico, no entanto, afirma que o adiamento da proibição dará mais tempo para as famílias aproveitarem as quedas de preços dos veículos elétricos na próxima década.
Por Nayara Machado/epbr