Com o fim do vazio sanitário da soja, nesta sexta-feira (15/09), produtores do Amazonas se preparam para retomar as plantações. O período de proibição de plantio e manutenção das plantas de soja vivas começou, este ano, no dia 15 de junho, por definição do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para proteger as plantações da doença conhecida como Ferrugem Asiática. A Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf) é o órgão responsável, no Estado, por fiscalizar o cumprimento da proibição.
A medida é fundamental para o controle do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da Ferrugem Asiática, uma das doenças mais severas a incidir na cultura da soja e passível de ocorrer em qualquer estágio da planta.
“As equipes das unidades locais da Adaf visitam as propriedades produtoras de soja, tanto para verificar o cumprimento do vazio sanitário e calendário de semeadura quanto para realizar os levantamentos fitossanitários”, afirma o coordenador estadual do Programa Nacional de Controle da Ferrugem Asiática da Soja (PNCFS), engenheiro agrônomo Cláudio Gurgel,
A doença tem como principal característica a desfolha precoce, o que impede a completa formação dos grãos e, consequentemente, reduz a produtividade. No Amazonas, não há registro de focos. De acordo com o Mapa, a Ferrugem Asiática é considerada uma das doenças mais severas que incidem na cultura da soja, podendo ocorrer em qualquer estádio fenológico. Nas regiões onde a praga foi relatada em níveis epidêmicos, os danos variam de 10% a 90% da produção.
A Adaf ressalta que, para manter o Estado sem o fungo, é fundamental contar com a colaboração dos agricultores, especialmente nos municípios onde, graças aos incentivos do Governo do Estado, a produção de soja vem ganhando ainda mais espaço, como é o caso de Humaitá, Boca do Acre e Canutama (a 590, 1.028 e 619 quilômetros de Manaus, respectivamente).
É o que destaca também o produtor Alexandre Luiz Ferronatto, da Fazenda Fortaleza II, em Humaitá. “Vejo a Adaf como parceira do agro. A atuação sobre o vazio sanitário é muito importante para a região, pois evita a multiplicação dos principais fungos que afetam a produtividade da soja, principalmente porque neste período não tem aplicação de fungicidas”, observa.
Filho e neto de produtores, Ferronatto conta que trabalha há muitos anos com o agro. Em 2001, dedicou-se ao cultivo de soja, trigo, feijão e milho em Mato Grosso. Anos depois, passou a atuar em Rondônia e, desde o ano passado, no Amazonas, onde a plantação tem 1.500 hectares.
Segundo o produtor, com o fim do vazio sanitário, a expectativa é iniciar a semeadura a partir do dia 25 de setembro. “Já comprei todos os insumos da safra 2023/24. Inclusive, já recebi os fertilizantes e 70% dos químicos. Agora, é aguardar o calendário e as chuvas”, afirma Ferronatto, que revela a expectativa de produzir 52 sacas por hectare.
Este ano, em todo o país, o calendário de semeadura terá duração de 100 dias. No Amazonas, começará em 16 de setembro e vai até 24 de dezembro, segundo portaria do Mapa. O calendário de semeadura é uma medida complementar ao vazio sanitário da soja para reduzir ao máximo o inóculo da Ferrugem Asiática, que visa à racionalização do uso de fungicidas e à redução dos riscos de desenvolvimento de resistência do fungo às substâncias utilizadas em seu controle.