O mês de setembro se transformou em todo o mundo no período de referência para a promoção da prevenção ao suicídio e do cuidado com a saúde mental. Como problema de saúde pública, com impactos psicológicos, sociais e econômicos para o paciente e às pessoas de seu entorno, dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que todos os anos mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que de HIV, malária e câncer de mama.
A campanha do Setembro Amarelo tem disseminado ações preventivas e estimulado Atividade física como aliado na promoção de saúde e diminuição de doenças psiquiátricas, com consequente efeito positivo na prevenção de tentativas de suicídio. Pesquisas e profissionais de saúde têm confirmado que exercícios físicos reduzem as tentativas de suicídio, devido à liberação de substâncias relacionadas ao bem-estar que ajudam na melhora do humor, na autoestima e na diminuição da ansiedade e da insônia.
“Os efeitos da endorfina, e indiretamente da irisina e do cortisol, contribuem para uma melhora consistente do bem estar das pessoas que sofrem de algum transtorno mental”, comenta a Dra Yaskara Luersen, psiquiatra.
A prática de atividades físicas pode diminuir a tristeza, ajuda na melhora da depressão e no enfrentamento do comportamento suicida. Também tem forte atuação no combate ao estresse e na melhora da qualidade do sono, que são fatores de risco para o suicídio. “O esporte é uma ferramenta importante na prevenção, sempre combinado com outras medidas, como o tratamento médico e psicológico”, esclarece a psiquiatra.
Estudo da Escola de Saúde Pública de Harvard, T.H. Chan, descobriu que correr 15 minutos por dia ou caminhar durante uma hora reduz o risco de depressão grave em 26%. Além de aliviar os sintomas de depressão, pesquisas também mostram que manter uma programação de exercícios pode prevenir recaídas.
O esporte promove alterações no cérebro, incluindo crescimento neural, redução da inflamação e novos padrões de atividade que promovem sensações de calma e bem-estar. “O esporte e as atividades físicas, em geral, quando realizados de forma regular por um período considerável de tempo, promovem alterações cerebrais que são comprovadamente associadas com bem estar físico e mental, além de serem considerados como primeira linha de tratamento para diversas doenças psiquiátricas como depressão e ansiedade, e trazem melhoras cognitivas (memória, concentração) e sociais (diminuição de isolamento)”, afirma a Dra Luersen.
A campanha Setembro Amarelo
Com o dia 10 de setembro como data oficial do Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a campanha do Setembro Amarelo tem como lema “Se precisar, peça ajuda!”. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) destacou pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2019, que aponta o registro de mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, com uma estimativa desse número alcançar 1 milhão, se forem contados os casos subnotificados.
No Brasil, os registros são de cerca de 14 mil casos por ano, ou seja, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia. Vários casos de suicídio estão relacionados a doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria desses casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade. “Em caso de qualquer sinal de sofrimento mental, um psiquiatra ou profissional de saúde deve ser procurado para a devida ajuda e tratamento”, reforça a Dra Luersen.