O tema das mulheres no empreendedorismo não é algo inédito, mas é evidente que a busca na inserção ao mercado de trabalho por elas tem tido um grande aumento nesta década. A figura feminina tem buscado uma identidade de alto valor na sociedade contemporânea, incluindo um processo de investimento pessoal que exige uma formação em diversas áreas, tudo isso para conquistar o seu próprio espaço no mercado empreendedor.
Segundo um balanço divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) nos últimos 14 anos, o empreendedorismo cresceu 34%. Até o ano de 2014, 7,9 milhões de mulheres eram consideradas empreendedoras. Porém, apesar desse crescimento, ainda existe muita desigualdade com respeito a este aspecto no Brasil e no Mundo.
Na maioria das vezes, elas investem em suas carreiras desde muito cedo, o empreendedorismo vem em primeiro plano em suas vidas. Por isso, tem se tornado mais comum elas sonharem em empreender antes mesmo de pensarem em casamento, por exemplo. Bem diferente da antiguidade, onde o papel das mulheres era tido sob um ponto de ótica matriarcal, com uma visão atribuída ao ser progenitor.
É notório que ainda vejamos reflexos machistas em comentários estereotipados elaborados por homens. No entanto, à medida que as mulheres dominam o seu espaço, a rotina acaba com o espanto, a surpresa preconceituosa e a discriminação. O fruto conquistado pelas mulheres hoje é resultado da busca incansável pela igualdade, por outras mulheres que decidiram lutar e batalhar muito ao longo dos anos, mostrando que o lugar da mulher é onde ela possa ser quem ela quiser.
Conheça e se inspire
Durante muito tempo fora considerado loucura uma mulher se tornar uma jovem empreendedora. O contexto atual é propício para o surgimento, cada vez maior, de empreendedoras. As iniciativas conhecidas como startups e a era da internet são também fatores de ascensão no mundo do empreendedorismo. Em um país onde a concorrência e os índices de desemprego são elevados, destacam-se aqueles que apostam em ousadia, criatividade e persistência.
Partindo deste pressuposto são chamadas empreendedoras de alto impacto, aquelas que possuem a visão norteadora de transformar uma simples ideia em um grande sonho. Em uma entrevista exclusiva à nossa reportagem, a líder representante do Grupo de Mulheres do Brasil e co-fundadora do Grupo Sabin, Janete Vaz eleita pela revista Forbes como uma das Mulheres Destaque do Setor de Saúde, nos conta um pouco da sua trajetória na carreira empreendedora e como inspira milhares de mulheres em suas carreiras no Brasil e no exterior.
O que lhe motivou a participar do “Grupo de mulheres do Brasil” e investir na causa feminina?
Eu fui convidada junto com a Luiza Helena Trajano, que foi a autora do convite, para ir à Presidência da República, porque foi um convite da presidência. Eram 50 mulheres empreendedoras e eles queriam conhecê-las. Nós conversamos e todas nós tivemos oportunidades de fazer perguntas. Tivemos a convicção de que era muito mais importante se nós nos uníssemos e começássemos a pensar no Brasil como um todo e nas possibilidades para as mulheres. Fizemos perguntas sobre tecnologia, estrutura, educação, saúde, isso foi o que impulsionou a construção dos comitês que trabalhamos. O primeiro comitê construído a partir desse momento, que foi o Comitê de Educação, depois vieram de Saúde, e os outros comitês foram sendo criados ao longo do tempo. Hoje nós aqui em Brasília temos 12 comitês, entre eles a Violência contra mulher, Políticas Públicas, Refugiados, Saúde e Social.
Através desses grupos, temos trabalhado com objetivo de trazer a melhoria para as mulheres nas diversas áreas. O que fez o nosso grupo permanecer foram os nossos valores inegociáveis, acho que foi uma sacada de mestre o dia que a Luiza criou tudo o que podemos e o que não podemos fazer, no caso: Somos diferentes e respeitamos o partido das outras. Isso é uma das coisas mais fortes, não temos nada contra os homens, mas somos literalmente a favor das mulheres. Outro ponto, não usamos o grupo em benefício próprio, mas em benefício da coletividade.
Quais as causas sociais que você apoia?
Sempre gostei de causas sociais. Quando jovem me dedicava a trabalhos voluntários na igreja. Depois que comecei a trabalhar eu já destinava parte do meu salário para ajudar creches. Ao criarmos o Sabin, levamos nossos valores e implantamos projetos sociais. Ao participar de uma ação em São Sebastião (DF), percebi que poderíamos ajudar muitas crianças com nossa experiência e conhecimento. Pouco tempo depois nasceram os apoios na realização de exames em instituições de terceira idade. Com o crescimento dos projetos sociais, precisamos criar, em 2005, o Instituto Sabin. O braço social da empresa tem projetos nas áreas de saúde, pesquisa e esporte.
A figura feminina atual tem buscado por uma identidade no mercado de trabalho, incluindo um processo de investimento pessoal que exige uma formação em diversas áreas. Como você percebe esta mulher que está passando por essas mudanças de investimento para construir o seu espaço?
Temos que nos preparar para atuar no mercado. Procurar cursos que tenham relação com o nosso trabalho. Apesar de ter formação na área da saúde, eu procurei especializações em Gestão Empresarial e de Negócios e me aprimorei para lidar com o dia a dia da empresa, e com as mudanças necessárias para o crescimento do negócio. Acredito que os obstáculos me ajudaram a aprender e me fortalecem. O sucesso vem da resiliência e perseverança. Não tenho medo de enfrentar as dificuldades. Quando inicio ou assumo uma atividade, eu entro de cabeça e sem medir esforços. Isso porque acredito no seu propósito e no seu significado. Outra característica é a minha fé em Deus. Deus é soberano e minha missão é buscar cumprir seus propósitos.
Um dos primeiros e talvez maiores desafios que as mulheres passam nos dias atuais, é a capacidade de conciliar a vida pessoal e a carreira, a criação dos filhos, cuidar de casa e o desejo de ter uma formação. Como você equilibra as áreas da sua vida: família, ser Mulher, esposa e profissional?
Nunca encarei ser mulher como problema. Nos primeiros anos de trabalho busquei tirar dúvidas se meus filhos iriam cobrar mais tarde minha ausência. Para isso, procurei um casal de psicólogos que me orientou a continuar trabalhando e correndo atrás dos meus sonhos. O importante não era a quantidade de tempo com meus filhos, mas a qualidade. Acreditei e segui firme em meus propósitos e objetivos profissionais. Creio que precisamos definir prioridades e não abrir mão daquilo que é essencial. Existem atividades de mãe, por exemplo, que são intransferíveis, como acompanhar os momentos importantes de toda família, ter sensibilidade para perceber que algo está saindo do rumo, estar atenta às idades e acompanhar as necessidades individuais de cada um filho. Para buscar a felicidade em todos os pilares é preciso foco e estratégia. A família é nosso bem maior. Todo cuidado e vigilância para que tudo vá bem é extremamente importante.
Como você descreve esse sentimento, de acolhimento, em relação a outras mulheres que passaram pelos mesmos desafios que você?
É um sentimento grandioso. A gente fica muito feliz de saber que nós estamos mobilizando não somente as mulheres do Brasil, mas, o mundo está se mobilizando em favor das mulheres e nós estamos juntos nessa causa. Um conselho que eu daria às mulheres que estão começando a empreender é: Nunca desista de seus sonhos. Lute e busque conhecimento para realizá-los. Sua garra deve ser superior ao seu talento. Se tropeçar, sempre levante a cabeça e siga em frente. Não se preocupe com seus erros, eles vão te ensinar a ser melhor da próxima vez. O importante é buscar a sua felicidade. Entre as atitudes de pessoas felizes estão: Tirar seus sonhos da gaveta, traçar um objetivo, buscar conhecimento, ter coragem e ser otimista, criar networking e confiar em Deus.
Esse é apenas um dos exemplos de mulheres inspiradoras e que se destacam todos os dias. Elas se unem em busca da autonomia pessoal, empreendem e transformam os sonhos em realidade, com apenas uma visão: Persistência.
Por Alexia Oliveira