O Shell Talks 2023, sexta edição do evento proprietário da Shell Brasil que promove discussões acerca dos principais temas da sociedade, foi finalizado com o painel “A energia da cultura impulsionando o desenvolvimento”. A Shell é a segunda maior patrocinadora cultural do Brasil, e reconhece a importância da cultura como um pilar essencial da sociedade, por meio do qual nos relacionamos e compartilhamos conhecimento, valores e tradições.
O debate teve a participação de Andrea Santos Guimarães (MINC), Isabel de Paula (UNESCO), Jader Rosa (Itaú Cultural), Vilma Lustosa (Festival do Rio) e foi mediado pela jornalista Leila Sterenberg. Os especialistas abordaram qual é o papel da sociedade no cenário cultural e como podemos aproveitar melhor o potencial brasileiro para esta indústria, que movimenta mais de 3% da economia brasileira.
O impacto da pandemia de Covid-19 na indústria cultural foi avassalador, com muitas pessoas perdendo seu emprego, com queda de 100% da receita em alguns setores. Mas, ao mesmo tempo, foi na cultura onde as pessoas encontraram alento, conforto, distração, desenvolvendo uma abertura do ambiente digital nesse processo. Segundo Andrea Guimarães, Diretora de Desenvolvimento Econômico da Cultura do Ministério da Cultura, há um processo sistêmico de recuperação de toda a indústria e um movimento de resgate dos investimentos e de aproximação dos agentes culturais.
Segundo ela, a classe política tem demonstrado interesse em entender e desenvolver mais esse mercado. “Vemos um movimento no Congresso com a retomada de frentes parlamentares, existem projetos de lei que estão sendo debatidos. É interessante estarmos debatendo cultura não só dentro do MINC, mas na Esplanada como um todo. Essa ampliação é importante para conseguirmos levar as políticas públicas adiante”, avalia.
Dentro de todo os aspectos culturais, Vilma Lustosa, diretora de Marketing e Comunicação do Festival do Rio, chama atenção para a indústria pujante do audiovisual como um agente importante para o desenvolvimento econômico do país, trazendo como exemplo a Coreia do Sul.
“Dentro do sistema da cultura, o audiovisual tem uma característica diferenciada porque de fato ele é uma indústria no mundo inteiro. O que acontece é que alguns países atingiram maior desenvolvimento e o reconhecem como um setor industrial que pode alavancar o país economicamente, e outros ainda não chegaram nesse desenvolvimento. O caso da Coreia do Sul é muito interessante porque foi compreendido, como uma política de estado, que aquela economia poderia alavancar vários outros setores no país”, afirmou.
Outro tema do debate foi o papel das redes sociais na divulgação da cultura – o algoritmo pode dificultar o acesso a manifestações culturais diversas ou é um mecanismo que pode criar bolhas? Para Jader Rosa, superintendente do Itaú Cultural, as redes sociais facilitam por ser mais uma via de acesso:
“Uma experiência de dança que comece online pode facilmente chegar até um equipamento cultural. Temos que legitimar essa experiência, ter um olhar mais sensível para essas camadas. Mas, ao mesmo tempo, precisamos estruturar todo esse movimento para que possa virar um negócio”.
Já Isabel de Paula, coordenadora de Cultura da Unesco, chamou atenção para um lado nem tão positivo:
“Existe um perigo que os algoritmos podem representar uma concentração do poder de escolha, pois muitas vezes ele leva o usuário para conteúdos que são pré-selecionados por um sistema. E existe um risco de que isso contribua para perpetuar preconceitos e desigualdades”, contrapôs.