O Brasil volta a se debruçar em saídas para tentar reduzir os preços do gás natural que, entre crises, reformas e promessas continua caro frente a países que estão na corrida pelo desenvolvimento de novas cadeias industriais e, para nosso recorte de hoje, do hidrogênio.
E, no fim do dia, estamos falando de dinheiro. Os recursos do contribuinte que serão destinados para políticas públicas, onde concorrem o gás natural e fontes limpas de energia e hidrogênio verde.
O gás natural pode ser um combustível de transição para indústria e transporte, menos poluente e com intensidade menor de carbono que o óleo e o carvão das matrizes elétricas sujas mundo afora. Mas e no Brasil? Com gás a US$ 13 por milhão de BTU?
“O hidrogênio verde vai pular o gás natural”, disse o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, durante evento do Esfera, na semana passada.
Desde o ano passado, a Vale deu início aos projetos dos complexos industriais – batizou de megahubs – no Oriente Médio, para produzir o hot briquetted iron (HBI) e produtos siderúrgicos com emissões reduzidas de carbono. É o mercado que se convencionou chamar de aço verde.
“Anunciamos um megahub no Oriente Médio, porque o gás natural lá é US$ 3. Na Arábia Saudita, a oferta é de US$1,5”, disse Bartolomeo, durante o evento com políticos e empresários em São Paulo.
Os negócios estão no Omã, Arábia Saudita e Emirados Árabes. O executivo usou os números para ilustrar porque, aqui no Brasil, acredita que o hidrogênio a partir de fontes renováveis – sem passar pela transição do gás natural fóssil – está mais próximo da descarbonização do setor.
Analistas da Mckinsey apontam que o HBI a partir do hidrogênio verde produzido no Brasil já possui preço aceitável no mercado europeu, considerando a taxação de carbono.
Essa semana, a consultoria Clean Energy Latin America (Cela) lançou um novo indicador do mercado. Estima um custo médio do hidrogênio verde de US$ 2,87 a US$ 3,56 por quilo pelo índice LCOH Brasil. Com potencial para cair quase à metade.
Outra: o hidrogênio renovável poderia ser mais barato que gás natural no Brasil até 2050. Com preço de US$ 0,7 a US$ 1,6 por quilo, seria o equivalente ao gás com preço na faixa de US$ 6 a 12 por MMBtu, segundo a BNEF (.pdf).
E, claro, o Brasil pode ter o hidrogênio verde mais barato do mundo, até 2030, cotado em US$ 1,47 Kg. Podendo ser a produção de hidrogênio verde mais competitiva que a de hidrogênio cinza na refinaria, mesmo sem subsídios.
Nessa curva, embora os preços do gás natural diminuam no final da década, espera-se que o mesmo aconteça com o custo do hidrogênio verde.