A CPI das ONGs no Senado recebeu nesta terça-feira (08), o jornalista mexicano Lorenzo Carrasco, correspondente internacional e radicado no Brasil, desde a década de 80 e autor de livros sobre a Amazônia, entre eles, a obra “Máfia verde: o ambientalismo a serviço do governo mundial”, “Máfia Verde 2” e “Quem manipula os indígenas contra o desenvolvimento do Brasil: um olhar nos porões do Conselho Mundial das Igrejas”.
A participação de Lorenzo na CPI atende a um pedido do relator, senador Marcio Bittar (União-AC), que reconheceu o poder que as ONGs possuem e as suas estratégias de controle dos recursos naturais. Lorenzo Carrasco defendeu um movimento de indignação no Brasil que pare a atuação das ONGs.
“O Brasil não pode ficar simplesmente contemplando este poder colonial sem ter nenhuma resposta de indignação e não és apenas com um decreto, um projeto, etc. Isto tinha que ser um movimento de indignação nacional que eu creio que está criando, com os testemunhos dos indígenas aqui. Tem que criar um corpo de indignação para que haja um câmbio nesta loucura pela qual venho dedicando mais da metade da minha vida para acompanhar”, indignou-se Carrasco.
Segundo Lorenzo, “não há almoço grátis” e as ONGs regiamente financiadas tem o apoio da própria Justiça que trabalha contra a transparência.
“Qualquer ONG que recebe dinheiro de estrangeiro é uma organização de estrangeiros. Quem põe dinheiro, manda. Se as ONGs recebem dinheiro da Inglaterra, obedecem a agenda de fora. Essa estrutura se infiltrou dentro do Estado brasileiro. Há enclaves coloniais na estrutura nacional “, disse Carrasco.
O presidente da CPI, senador Plínio Valério, do PSDB do Amazonas, protestou contra o recebimento de mais de 600 páginas com informações prestadas pelo Ministério de Relações Exteriores na língua inglesa. O senador exigiu respeito e disse que vai devolver o documento, que deverá ser entregue em português.
Os senadores aprovaram na reunião dois requerimentos. Um deles convida o cacique Kleber Jorge Silva Soares, da etnia Aparaí, do Alto do Rio Maincurú, no Estado do Pará, e o outro convida Cimar Azeredo Pereira, Diretor do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, para prestar informações sobre o recenseamento indígena de 2023.
CPI das ONGs acusa Itamaraty de desrespeito ao Senado
O presidente da CPI das ONGs, Plínio Valério (PSDB-AM) , anunciou hoje durante sessão da comissão, a decisão de devolver ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), toda a documentação enviada pela pasta em atendimento a requerimento do relator, senador Márcio Bittar (UB-AC) . Membros da CPI consideraram acintosa , “um deboche”, a resposta enviada pelo Itamaraty, 648 páginas em inglês. A CPI , órgão chancelado pelo Senado Federal , exige o reenvio adequado, em português.
“Isso é um acinte, um desdém, e não posso aceitar. Não estou nos Estados Unidos e me recuso a ser colonizado. Como senador eu exijo respeito por parte do Itamaraty, que faça a coisa certa, que não brinquem conosco. O Senado não é lugar de brincar”,reagiu Plínio Valério.
Na sessão também foi aprovado convite ao diretor do IBGE, Simar Azeredo, para que explique a participação da ONG Instituto Socioambiental (ISA), na formulação de nova metodologia no questionário do Censo 22, que resultou no aumento de quase 100% da população indígena em 10 anos: de 896.9 mil em 2010 , para 1.6 milhão agora. O formulário do IBGE alterado com a participação explícita de Tiago Moreira, pesquisador do ISA incluiu uma autodeclaração com a pergunta: “você se considera indígena?”
“Isso confirma o que a gente denuncia e uma depoente também falou em relação a população indígena em Autazes ( onde ONGs querem impedir a exploração de potássio alegando proximidade com terras indígenas) : estão fabricando índios, os mestiços estão sendo tornados indígenas para espalhar onde querem , depois, pedir a demarcação de terras. Não há como uma população dobrar em 10 anos”, disse Plínio.
A pedido do senador Beto Faro (PT-PA), a CPI aprovou um aditamento transformando a convocação do diretor da Natura , João Paulo Pereira, em convite. Mas com a ressalva de que se não atender ao convite, será novamente convocado para explicar denúncia de exploração de indígenas na cadeia de catação de amêndoas de andiroba usadas na produção de produtos de beleza.