Em 2004, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu um Pacto Global destacando 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e 169 metas que devem ser alcançadas até 2030. Essa agenda nasceu com o objetivo de erradicar a pobreza e promover a vida digna para todos sem comprometer a qualidade de vida das próximas gerações.
Os objetivos e metas abrangem as dimensões do social, do meio ambiente e da governança, conjunto mundialmente conhecido como ESG (Environmental, Social, Governance). A preocupação ambiental é a segunda prioridade das empresas brasileiras, atrás apenas da social. É o que revela uma pesquisa da ManpowerGroup, consultoria global especializada em recursos humanos, que ouviu mais de 40 mil empregadores em 41 países.
Esse cenário mostra que as empresas vêm apostando em iniciativas para cuidar do meio ambiente. Dados da Abrelpe, associação voltada a coleta e transporte de resíduos sólidos, endossam essa informação.
Durante o ano de 2022, o país gerou 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos, o que corresponde a 224 mil toneladas diárias. O montante, apesar de expressivo, representa uma queda regressiva em relação aos últimos anos. As possíveis razões, segundo a entidade, estão relacionadas com as novas dinâmicas sociais, que incluem mais consciência da população em destinar esses resíduos de maneira correta, evitando assim que o solo, o ar e o lençol freático sejam poluídos.
O mercado vem mostrando que as empresas que se comprometem com o acrônimo ESG se tornam mais competitivas ao mercado e ganham mais valor além do lucro, impactando os stakeholders. É o caso da Zetra, fintech mineira líder na gestão de benefícios consignados no Brasil.
Somente nos primeiros seis meses deste ano, a empresa coletou 269.890 kg de resíduos sólidos (metal, plástico, papel e vidro), 2.100 kg de medicamentos para o descarte correto e 7.700 kg de tampinhas de plástico para o projeto de castração de animais abandonados. Essa iniciativa é fruto do projeto Coleta Z-letiva (em alusão ao termo “coleta seletiva”). O objetivo é conscientizar os colaboradores, os gestores e a alta direção de maneira prática sobre a importância do correto descarte do lixo e da reciclagem de materiais.
Em parceria com o condomínio onde está instalado seu escritório-sede, a Zetra consegue fazer a triagem, a pesagem e a entrega do material. “O condomínio pesa, documenta e faz a destinação correta dos resíduos sólidos”, conta Lilian de Fátima Hipólito Potenza, gerente administrativa e idealizadora do projeto. Hoje 90% dos resíduos gerados no escritório têm esse mesmo destino.
Se são os valores que aprendemos em casa que levamos a nossas relações pessoais e profissionais, aqui a história muda. Analista de suporte da Zetra, Simeone Leopoldo levou o ensinamento sobre sustentabilidade e a importância da coleta seletiva para a rotina do lar. Hoje todo o lixo gerado por ele e pelos pais, com quem mora, são separados nos respectivos ambientes. Quando não consegue descartá-lo de maneira correta, Simeone faz questão de levá-lo até a empresa, porque lá sabe que existe uma gestão eficiente dos resíduos.
“No início é estranho separar o lixo, mas depois a gente acaba se adaptando e levando essa educação e esse valor aonde vamos. Em casa, por exemplo, os vidros eram depositados em lixo comum. Com essa campanha, comecei a recolher as garrafas de vinhos, por exemplo, e trazer para o trabalho. E isso é com qualquer resíduo com que eu tenha contato. É interessante quanto essa iniciativa transformou meu olhar sobre descarte correto”, revela. Outra iniciativa que mudou os hábitos dos funcionários de maneira positiva foi a substituição de copos descartáveis por canecas. Para se ter ideia, um levantamento divulgado pelo site Menis 1 Lixo mostra que para produzir 10 copos descartáveis são necessários três litros de água, enquanto são despendidos apenas 300 ml (média) para lavar um copo reutilizável.
Tampinhas transformam-se em castração
As ações conscientes desenvolvidas internamente na empresa inspiraram os colaboradores a adotarem outras boas práticas. Uma delas é doar tampas de garrafas PET a ONGs de causa animal. O material vendido é revertido em renda para castração de gatos e cachorros em situação de rua.
Economia circular
Outro braço das iniciativas sustentáveis da Zetra é a economia circular. Por meio do projeto Desapegue, voluntários da fintech se dedicam a vender roupas e eletrônicos usados e em boas condições por um valor bem abaixo do mercado. “Eventualmente realizamos um brechó de roupas usadas. Os funcionários doam peças que não querem mais e, ao mesmo tempo, compram aquilo que lhes agrada. A proposta tem dado tão certo que já estamos recebendo público de fora. Já os eletrônicos subutilizados e em bom estado são oferecidos aos funcionários. Caso duas ou mais pessoas se interessem pelo mesmo produto, fazemos um sorteio”, sublinha Lilian.
As ações sustentáveis praticadas pela ESG demonstram que agir dá muito mais resultado do que falar. Para Lilian, o caminho é longo, desafiador, mas sem volta. “Essa mudança de mindset impacta diretamente toda a estrutura da organização. Isso significa, por exemplo, ter fornecedores que também estão preocupados com esse tripé. Hoje, para qualquer iniciativa, como a comemoração de aniversário dos colaboradores, pensamos no ESG de ponta a ponta”, ressalta.