Com a obra Khaapi, produzida em 2019, o artista indígena Dhiani Pa’saro, da etnia Wanano, compõe um seleto grupo na exposição “O Sagrado na Amazônia”, que acontece até dia 17 de setembro, no térreo do Centro Cultural Inclusartiz, no Rio de Janeiro. A obra faz referências profundas que narram a passagem de conhecimento do cacique Wanano para o filho acerca do ritual de produção da ayahuasca.
O artista explica que a bebida é utilizada em rituais sagrados de conexão dos Wanano com o universo do inconsciente, em que poderão obter respostas para a caminhada coletiva do povo e também para trajetórias pessoais.
“A obra traz uma espécie de portal que abre acima das cabeças do cacique e do filho do cacique (personagens da obra). Este portal tem forma de escada e é o mundo superior que abre com a força dos cipós e das plantas. É através do ritual da ayahuasca que os Wanano conversam com as pessoas, com os ancestrais”, explica Dhiani.
Dhiani Pa’saro é representado pela Manaus Amazônia Galeria de Arte, e suas obras estão à disposição para comercialização em Manaus e em São Paulo.
A curadoria é de Paulo Herkenhoff — pesquisador que há mais de 40 anos se dedica ao fomento da produção artística no Norte do país e ao debate crítico acerca do conceito histórico de “visualidade amazônica”.
Artistas amazônicos
O “Sagrado na Amazônia” conta com uma significativa presença de artistas originários da região amazônica brasileira, além de Dhiani, como o artista amazonense Denilson Baniwa e Rita Huni Kuin, do Acre, e também de povos da Amazônia Internacional, como a peruana Lastenia Canayo. São 75 trabalhos produzidos a partir de diversos suportes, entre pinturas, fotografias, vídeos, objetos e esculturas; além de documentos históricos.
Na exposição, o curador destaca que “entre os rituais indígenas milenares, a cerimônia da ayahuasca vem se espalhando pelas cidades de todo o Brasil. O curador adjunto Lucas Albuquerque apresenta a bebida sagrada em mais detalhes por meio de um texto presente na exposição, tendo sido inclusive o introdutor de pinturas da artista Shipibo-Konibo Lastenia Canayo e do próprio Dhiani Pa’saro”, explica Herkenhoff.
O Instituto Inclusartiz
Fundado em 1997 por Frances Reynolds, o Instituto Inclusartiz é uma organização cultural não governamental sem fins lucrativos sediada no Rio de Janeiro, que tem por objetivo promover a arte contemporânea global por meio da formação de artistas, curadores e pesquisadores em diversas etapas de suas carreiras.
Desde 2021, o instituto conta com um centro cultural na Praça da Harmonia, na Gamboa, região portuária do Rio de Janeiro. O polo cultural e criativo abriga um conjunto de iniciativas nas áreas da arte, educação e sustentabilidade, com uma programação orientada a partir de núcleos diversos: residências artísticas; educativo; comunitário; expositivo; pesquisa e publicações; sustentabilidade e engajamento social.
As atividades do Instituto Inclusartiz são realizadas com patrocínio da Icatu, do VLT Carioca e do Instituto CCR. O programa expositivo conta com apoio do ateliê Thiago Barros ArteLab. Mais informações em https://inclusartiz.org/