Ar-condicionados entre os níveis A e E, pelo sistema de classificação do selo Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), representam 30% a mais na conta de energia, de acordo com Alberto Hernandez Neto, professor do departamento de engenharia mecânica da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo).
Com base no uso de aparelhos de 9.000 BTUs por oito horas diárias, segundo a Light, empresa de distribuição de energia no Rio de Janeiro, o ar-condicionado pode representar 50,69% do consumo total de uma residência, como mostra O Globo.
Já a Enel estima que um equipamento Split de 15.000 BTUs, usado oito horas por dia, é capaz de gerar um gasto de R$ 211,93 por mês.
Os números assustam, mas não precisam ser motivos de desespero. Com algumas atitudes básicas, é possível reduzir o valor da conta de luz sem abrir mão de um ambiente refrigerado e ainda contribuir para um menor impacto ambiental.
Modelos econômicos
O primeiro passo na hora de escolher um ar-condicionado é optar por aqueles que têm o Selo Procel A, que indica o menor consumo energético. Junto a isso, vale também selecionar modelos com tecnologias focadas em economia, como o Inverter.
O compressor de aparelhos do tipo funciona de forma ininterrupta, mas com uma potência bastante controlada. Além de evitar picos de energia, o sistema consegue chegar à temperatura desejada mais rapidamente, o que também ajuda a economizar.
Uso inteligente
A forma como qualquer aparelho é utilizado tem influência direta em seu consumo de energia ou bateria e, consequentemente, na vida útil.
Para gastar o menos possível com o ar-condicionado, é importante usá-lo de maneira inteligente. Os próprios aparelhos tem recursos muito úteis, como:
- Timer: programação de funcionamento automático do ar-condicionado; basta configurar a hora de ligar e/ou desligar com o controle remoto ou pelo aplicativo no celular (caso o equipamento tenha essa opção)
- Eco: quando ativada na hora de dormir, a função se adequa à variação da temperatura do corpo durante o sono, mudando várias vezes ao longo da noite se necessário
- Sleep: o aparelho aumenta 1ºC após a primeira hora quando o recurso é ativado e mais 1ºC na segunda, permitindo menos esforço e menos consumo elétrico, mas mantendo uma temperatura agradável durante o sono
Outras atitudes básicas também ajudam a enxugar o valor da conta de luz em relação ao uso do ar-condicionado:
- Feche todas as saídas de ar quando o aparelho estiver ligado
- Deixe a grade de ventilação livre
- Certifique-se de que a potência do ar-condicionado (BTUs) é adequada ao tamanho do ambiente, frequência de uso, condições climáticas do local e usuários regulares
Hábitos de uso
Os hábitos de uso também são determinantes para o consumo de energia, valor da conta de luz e vida útil do aparelho.
Além de usar as funções oferecidas pelos fabricantes e seguir as dicas acima, é importante utilizar o ar-condicionado apenas quando for necessário e de maneira a trazer conforto – afinal, passar frio dentro de casa também não é nada agradável.
Veja como economizar energia com ar-condicionado no dia a dia:
- Ligue o ar-condicionado apenas quando houver necessidade;
- Desligue o aparelho quando achar que o ambiente já foi climatizado o bastante ou quando sair de casa ou do cômodo;
- Tente deixar o equipamento entre 21ºC e 23ºC – ideais para o corpo humano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS);
- Se o calor não estiver tão grande, refresque o ambiente com a ajuda de um ventilador ou abra todas as janelas e portas para permitir a circulação do ar.
Manutenção preventiva
Os gastos da manutenção preventiva são inferiores ao valor do conserto de um ar-condicionado.
De acordo com a plataforma de contratação de serviço CronoShare, o custo médio máximo para consertar o aparelho é de R$ 800, mas pode chegar a R$ 1.200, dependendo do problema. Já o Habitissimo, outro site de contratação, calcula que a manutenção preventiva custa, em média, R$ 250 para aparelho janela ou portátil e R$ 330 para Split ou central.
É essencial prevenir qualquer tipo de avaria para não precisar mexer mais no bolso do que o necessário. O mesmo vale para a limpeza, que deve ser feita anualmente – um ar-condicionado sujo precisa se esforçar mais para trabalhar e filtros que já passaram da hora de trocar apresentam ar de má qualidade, o que pode dar origem ou piorar doenças respiratórias.
A manutenção dos aparelhos deve ser feita com profissionais experientes e qualificados uma vez por ano para equipamentos pouco usados ou de seis em seis meses para equipamentos muito usados.
Ar-condicionado não é vilão da conta de luz
Roberto Peixoto, professor de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia, afirma que um ar-condicionado funciona de forma semelhante a um chuveiro elétrico – com a diferença de que fica ligado por um tempo muito menor.
É natural que um aparelho mais potente consuma energia elétrica consideravelmente, mas tampouco isso é motivo para perder o sono. No final, a conta de luz reflete muito mais o comportamento do usuário do que sobre o aparelho em si.
Escolhendo o modelo certo, aproveitando as funções de economia e adotando hábitos inteligentes, é possível ter um ar-condicionado em casa sem tomar aquele susto no final do mês.