A Fé Cristã estabelece uma nova Ética nas relações sociais e isso fica evidente aqui em Efésios. Não importa a esfera social, todos são chamados a se relacionarem como servos e sob submissão um ao outro, por amor a Cristo. No casamento não é diferente e aqui reside uma ordenança revolucionária para a sua época.
Em um contexto em que o casamento era, via de regra, um contrato social, cultural, econômico ou político e com o agravante da mulher ser vista apenas como um objeto neste contrato.
Paulo traz da parte de Deus uma ordenança que subverte essa lógica e apresenta uma nova ética no casamento/ família, onde os dois passam a se enxergar como extensão um do outro e não mais como superior um ao outro. Essa lógica é o resgate do que foi perdido na queda, pois desde Genesis 3, a relação do homem e da mulher se dá sob situação de conflito e dominação:
“À mulher, ele declarou: “Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará”. (Gn 3.16)
O casamento na cultura onde Paulo está inserido materializava essa maldição em consequência da queda, onde a mulher estava submetida à vaidade do homem e era obrigada a obedecer a suas ordens. Tem-se culturalmente uma relação de dominação e opressão. Contrariando a sua própria cultura, o apóstolo nos exorta a vivermos um casamento marcado pelo amor e respeito.
São duas lógicas completamente opostas e bem a frente do contexto em que o apóstolo escreve. O casamento do ponto de vista bíblico é um ministério, onde homem e mulher se colocam sob a autoridade de Cristo e por estarem sujeitos a autoridade de Cristo, também sujeitam-se a si mesmo. Diferentemente da lógica da queda, não há (ou não deve haver) em um casal de discípulos de Jesus uma relação pautada no domínio e na opressão, antes vive-se em respeito e amor, virtudes provenientes da nova vida em Cristo.
Homem e Mulher estão em estado constante de sujeição, pois são servos e membros de um mesmo corpo. Ao se casarem, partilham de um mesmo corpo, onde exercem funções diferentes, porém complementares, visto que ambos são um só corpo. Assim, resgata-se o princípio da criação onde homem e mulher estavam no jardim, com uma missão (cuidar e guardar), em um papel de auxílio mútuo.
No caso do Éden, o pecado não destrói o Jardim, esse fica inacessível ao homem, mas o pecado afeta diretamente a relação. O jardim era o habitat do casal, mas o paraíso mesmo era a relação do homem e mulher com Deus. A ordem e missão divina de cuidar e guardar o Jardim, se estendia sobretudo para o casal e a relação com o Eterno.
No casamento homem e mulher são chamados para cuidar e guardar do Jardim (família) em uma relação de sujeição constante e auxílio mútuo diante de uma mesma missão, porém exercendo funções diferentes, porém complementares, visto que ambos são um só corpo.