Era julho de 2011 quando a espera de quatro anos de Patricia Amorim, repleta de esperanças e decepções, culminou com o tão esperado nascimento de sua filha, Melissa. Filha de um padeiro e de uma mãe dedicada ao lar, nascida e criada em São Paulo, ela tinha 31 anos naquela época. Mal sabia ela que esse marco seria o início de uma nova jornada, que afetaria milhões de mulheres brasileiras todos os meses e mudaria o cenário para inúmeros casais que enfrentam a infertilidade.
Infertilidade: mais comum do que a maioria das pessoas pensa
Nos dias atuais, aproximadamente 17% dos casais no Brasil se deparam com dificuldades relativas à fertilidade. Esse número tende a aumentar ao longo do tempo, à medida que o planejamento familiar vem sendo adiado por motivos profissionais e que mudanças no estilo de vida e impactos ambientais reduzem a capacidade de conceber filhos.
“De forma estatística, a infertilidade atinge a todos nós, seja pessoalmente ou alguém muito próximo. O aumento da conscientização e da educação sobre fertilidade é essencial. Também é crucial que existam soluções de fertilidade acessíveis. Mais de 90% da população não pode arcar com uma fertilização in vitro, que custa pelo menos R$15 mil”, diz a Dra. Malu Frade, especialista em saúde reprodutiva.
Há 12 anos, quando Patricia concluiu sua jornada rumo à maternidade, não havia no Brasil praticamente nenhuma solução acessível e econômica que a auxiliasse a aumentar a fertilidade. Procurando por um emprego remoto enquanto cuidava de sua filha mais nova, ela conheceu Franz Geissler, um alemão de 23 anos que havia acabado de concluir a faculdade de administração na Alemanha e se mudado para o Brasil. Com a ajuda de seu compatriota e colega da universidade, Sebastian Sommer, os três embarcaram em uma missão para fazer uso do conhecimento de Patricia e criar uma plataforma digital que oferecesse auxílio para casais enfrentando dificuldades de engravidar.
Pioneirismo no espaço da tecnologia para a fertilidade
“O início do nosso projeto, em 2012, foi um blog chamado Trocando Fraldas. Eu escrevia sobre minha experiência pessoal e compartilhava o que os casais podem fazer quando engravidar não acontece tão rápido quanto o esperado”, lembra a mãe de três.
O blog começou a crescer e se tornou pioneiro no espaço das FemTechs brasileiras. “Em 2015, ultrapassamos 500 artigos publicados e tínhamos mais de 1 milhão de leitores todos os meses. O sucesso do blog mostrou o quanto os problemas de fertilidade eram tabus. Até hoje, as pessoas ainda têm medo de falar a respeito de suas dificuldades, o que faz parecer que é negócio de minoria. Não é. Precisamos conversar abertamente sobre isso, porque colabora para remover os estigmas de vergonha e humilhação, ainda associados à infertilidade e, igualmente, aos temas de saúde menstrual”, acrescenta Amorim.
O ano de 2016 marcou um novo capítulo para o projeto. Impulsionados pela demanda da comunidade de leitoras e com a ajuda de uma equipe de profissionais médicos e farmacêuticos, Patricia, Franz e Sebastian lançaram uma linha de produtos acessíveis e fáceis de usar para melhorar as chances de concepção, sob o novo nome Famivita. “Quando começamos, éramos os primeiros no Brasil a oferecer suplementos masculinos e femininos específicos para a pré-concepção, além de um lubrificante com pH neutro. Hoje, algumas grandes farmacêuticas seguiram os nossos passos”, comenta Geissler, CEO e responsável pelo desenvolvimento de produtos e marketing da empresa.
Um ecossistema de soluções para a fertilidade
Nos últimos 7 anos, o portfólio de soluções da Famivita continuou crescendo. Hoje, já são mais de 30 produtos físicos e a plataforma alcança mais de 2 milhões de usuárias por mês, com 1500 artigos educacionais, um aplicativo de acompanhamento do ciclo menstrual e cursos em vídeo. Consultas online com ginecologistas, psicólogos e nutricionistas completam o abrangente portfólio.”Cada mulher, cada casal, tem uma história única, estando em uma fase diferente de sua jornada pessoal. Queremos fornecer a solução certa, no momento certo, para cada caso”, explica Sommer, CTO da empresa.
Olhando para o futuro da fertilidade
A Famivita enxerga um futuro em que a construção de famílias seja discutida amplamente e a educação em saúde reprodutiva comece cedo. “É essencial educar mulheres e homens em relação à fertilidade e sobre a possibilidade de enfrentar problemas em uma idade mais avançada, como aconteceu comigo. Precisamos garantir que as pessoas tenham mais informação em se tratando da própria capacidade fértil, para que possam fazer escolhas mais acertadas no presente e no futuro”, diz Patricia.
É por isso que a Famivita está trabalhando no lançamento de novas alternativas que objetivam a preservação da fertilidade. Elas começam com o aprimoramento da saúde geral e passam por procedimentos mais complexos, a exemplo do congelamento de óvulos ou espermatozoides. “Nosso intuito é contemplar todas as fases do planejamento familiar. Em breve, também lançaremos mais soluções para mulheres que já estão grávidas e prestes a dar à luz”, acrescenta Sebastian Sommer.
Quanto às finanças da Famivita, a empresa alcançou uma receita de oito dígitos no ano passado e espera ampliá-la ainda mais. Esse sucesso é particularmente incomum, considerando o fato de que a empresa é totalmente autossustentável, o que significa que até agora ela cresceu de maneira orgânica, com seus próprios recursos. “Até o momento, não temos investidores na empresa. No entanto, estamos em uma fase em que buscamos parceiros que compartilhem da nossa visão, para acelerar o crescimento”, complementa Geissler.
Outras informações podem ser obtidas diretamente com a Patricia Amorim, através do e-mail [email protected]