A pesquisa e a ciência desempenham um papel fundamental na conservação da Amazônia, melhorando as condições de monitoramento e adaptação às mudanças climáticas. A iniciativa SERVIR-Amazônia lança quatro novos projetos de pesquisa interdisciplinares que contam com uma base de dados internacional, estudos científicos, dados observacionais e modelos matemáticos para fundamentar o processo decisório em torno da conservação dessa região, além de incorporar mais adequadamente a voz de mulheres, povos indígenas e comunidades às suas decisões. Os novos projetos vão ajudar a monitorar as dinâmicas na mudança do uso do solo, dimensão do estoque de carbono das florestas, bem como a frequência e o impacto das chuvas na região amazônica.
A iniciativa SERVIR-Amazônia é uma parceria entre a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço (NASA) dos Estados Unidos, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Aliança Internacional da Biodiversidade e o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) e o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), que visa munir órgãos responsáveis e a população de informações e ferramentas que ajudem a manter a conservação da floresta de pé.
Desde 2005, o SERVIR-Global existe para promover o uso de informações fornecidas por satélites de observação da Terra e de tecnologias geoespaciais no desenvolvimento de soluções acessíveis. Através da investigação contínua, é possível obter informações valiosas para a elaboração de políticas e ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas, proteção às comunidades tradicionais. A incursão dessas pesquisas na Amazônia visa acompanhar os riscos à conservação da floresta de pé, bem como a probabilidade de ocorrência de eventos extremos com uma antecedência.
“Soluções globais que focam nas especificidades locais têm grande potencial para a regeneração dos biomas. Para o Imaflora, apoiar o desenvolvimento de soluções mais assertivas para a conservação da floresta amazônica, com aplicação da ciência de dados e de geotecnologias, é uma forma inteligente de impulsionar a construção de uma economia baseada na sustentabilidade, que contribua para a manutenção e regeneração de um dos biomas mais ricos do planeta”, comenta Isabel Garcia Drigo, gerente de Clima e Emissões do Imaflora.
Sobre os projetos
Qual é o impacto das mudanças no uso da terra na região sudoeste da Amazônia na dinâmica do carbono? É isso que será possível descobrir com a pesquisa “Monitoring forest carbon dynamics in response to disturbances in the southwestern Amazon”.
A floresta amazônica contém um dos maiores estoques de carbono de biomassa do planeta e abriga 25% da biodiversidade terrestre global. No entanto, as áreas de estudo do projeto – Acre, no Brasil, e Madre de Dios, no Peru – enfrentam desafios significativos como o aumento da pressão do desmatamento causado pela ação humana e eventos climáticos extremos. O projeto liderado pelo pesquisador Izaya Numata busca desenvolver dados históricos e atuais de estoque de carbono florestal, utilizando dados ópticos da NASA, para avaliar a perda e o sequestro de carbono ao longo do período de 2000 a 2023. O objetivo principal é avaliar o impacto das perturbações, como desflorestamento, incêndios, seca e fragmentação, na dinâmica do carbono na região sudoeste da Amazônia.
De que maneira a compreensão dos sistemas hidrológicos na Bacia Amazônica pode apoiar a conservação ambiental? Esse é o objetivo do projeto “Subseasonal-to-Seasonal Forecast of Hydro-Ecological Extremes in the Amazon Basin”.
A variabilidade hidroecológica consiste na observação das mudanças e as variações nas características físicas e químicas da água, que também impactam os padrões de fluxo de água e afetam a biodiversidade. O projeto “Previsão Subsazonal para Extremos Hidroecológicos na Bacia Amazônica”, liderado pelo pesquisador Benjamin Zaitchik, visa a criação de um sistema operacional de previsão hidrometeorológica S2S para toda a região SERVIR-Amazônia, com o objetivo principal de fornecer alertas antecipados de eventos extremos hidroecológicos na região amazônica. Esses alertas, que podem ser gerados com várias semanas a vários meses de antecedência, têm o potencial de auxiliar organizações governamentais e não governamentais na tomada de ações baseadas em previsões, tais como ajuste dos níveis dos reservatórios, pré-posicionamento de suprimentos para combater incêndios e enchentes, planejamento de orçamentos e pessoal, e implementação de decisões de manejo da terra para reduzir riscos.
De que forma o desmatamento no Mato Grosso afeta o estoque de carbono na Amazônia? A resposta será desenvolvida no projeto “A Service to Quantify Forest Carbon Stock Changes in the State of Mato Grosso, Brazil”
O projeto “Serviço para Quantificar as Mudanças no Estoques de Carbono Florestal no Estado de Mato Grosso, Brasil”, liderado pelo pesquisador Michael Keller, vai desenvolver, em parceria com stakeholders locais, um serviço de quantificação e acompanhamento das mudanças no estoque de carbono florestal no Mato Grosso. O serviço visa sua continuidade e sustentabilidade, e será desenvolvido considerando as tecnologias e plataformas atualmente utilizadas na região. O projeto aborda também serviços ecossistêmicos, monitoramento da degradação e suporte para medição, relatórios e verificação (MRV) para o programa REDD+ (Redução das Emissões provenientes do Desmatamento e da Degradação florestal).
Como aplicar informações de satélites no mapeamento da agricultura amazônica?
Essa é a aplicação da pesquisa “Unlocking the Power of NISAR for Mapping the Amazon’s Forest-Agriculture Interface”
A expansão da fronteira agrícola na região tem impactos socioeconômicos e ambientais significativos, e o uso de sensoriamento remoto é uma ferramenta relevante para monitorar a sustentabilidade na Amazônia. No entanto, a falta de sistemas operacionais para monitorar culturas e sua expansão em áreas florestais tem sido um desafio. Em sequência a uma pesquisa que ajudou a operacionalizar o mapeamento do dendezeiro em escala subnacional no Peru e no Brasil, a pesquisadora Naiara Pinto lidera a expansão da pesquisa para outras culturas na Amazônia usando o potencial do satélite NISAR. O objetivo é usar dados para mapear a interface floresta-agricultura na Amazônia para aumentar a prontidão e a integração do serviço de mapeamento, expandir a lista de espécies de cultivo monitoradas e transferir conhecimento e tecnologia para usuários finais.