Junho é o Mês Internacional dos Cuidados com a Fertilidade. Em meio às informações sobre o tema, como saber o que é mito ou verdade? No curso de Atualização em Fertilidade para Jornalistas e Comunicadores, realizado pela Igenomix Brasil, foram explicados os assuntos que geram mais dúvidas nos consultórios
Como em qualquer área, mitos acompanham questões referente à natalidade, fertilidade e reprodução humana assistida. Conhecer e disseminar informações que ajudem os pacientes a buscar a melhor opção, garantindo assim um tratamento seguro, são fundamentais para aqueles que tanto sonham em gerar uma vida. Os tratamentos de reprodução assistida podem ser uma opção para casais e pessoas que têm dificuldades em conceber naturalmente.
No mundo, o número de pessoas que apresentam infertilidade cresce. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em documento publicado em 3 de abril, alertou que uma em cada seis pessoas em idade reprodutiva sofre de infertilidade durante a vida. No Brasil, estima-se que cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis, segundo dados da Associação Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). “Compreender a origem da infertilidade é importante para desenvolver intervenções apropriadas e limitar os fatores de risco e as consequências”, observa a biomédica e geneticista Marcia Riboldi, VP Sales & Marketing Medical devices da Igenomix Brasil e Latam
Em meio aos números de infertilidade no Brasil e no mundo, há também mitos que podem gerar dúvidas e preocupações, relacionados à fertilidade feminina e masculina. Esse assunto foi pauta durante o Curso de Atualização em Fertilidade para Jornalistas e Comunicadores, realizado em junho pela Igenomix Brasil, em São Paulo. Melissa Cavagnoli, ginecologista especialista em reprodução assistida da Clínica Hope, explicou e desmistificou alguns deles.
MITOS E VERDADES
Embora existam milhares de casais que não conseguem conceber naturalmente, pouco se fala em fertilidade e, muitas vezes, de forma errada. Isso porque, mesmo com muitos estudos, pesquisas e publicações, de fato, alguns mitos sobre a fertilidade continuam a sobreviver intactos. Confira a seguir quais são verdade e quais são mitos:
1 – “O uso de anticoncepcional oral faz com que a mulher não ovule. Com isso, ela economiza seus óvulos”
MITO – As mulheres nascem com uma quantidade finita de óvulos. Quando a mulher nasce, tem em torno de 1 milhão de óvulos. Além de perdê-los a cada ciclo, há uma perda de qualidade. Aos 35 anos, começa o envelhecimento mais intenso dos óvulos. Ou seja, o fato de usar anticoncepcional não economiza óvulos. Veja a seguir as quantidades de óvulos por faixa etária:
- Intrauterina – 6 a 7 milhões de óvulos
- 13 anos – 350 mil óvulos
- 25 anos – 130 mil óvulos
- 30 anos – 70 mil óvulos
- 35 anos – 30 mil óvulos
- 40 anos -13 mil óvulos
- 45 anos – 5 mil óvulos
- 50 anos – 1 mil óvulos
2 – “Se um casal não engravida, a maior probabilidade é que o problema esteja relacionado com a mulher“
MITO – Um dos mitos que envolve a infertilidade quando um casal deseja ter filhos e não consegue é acreditar que normalmente a mulher é a responsável. Alguns estudos apontam que 35% dos casos são devidos às causas masculinas como alterações na área testicular, obstrução de ductos, patologias na próstata, entre outros fatores. Outros 35% as causas femininas (o mais comum é uma alteração nas trompas) e o restante é um fator misto.
Porém, é verdade que, a partir dos 35 anos, a reserva ovariana da mulher diminui consideravelmente, enquanto o homem tem uma margem maior para se reproduzir e não há evidências do momento exato em que sua capacidade reprodutiva diminui. De qualquer modo, quando um casal não consegue engravidar, o recomendado é os dois realizarem exames para investigar a causa e assim, optarem pelo melhor tratamento.
3 – “Apesar de a medicina estar muito avançada, a fertilização in vitro (FIV) não é uma garantia de gravidez”
VERDADE – A fertilização in vitro não é uma garantia, 100%, de gravidez. Pode se ter o melhor médico ou laboratório, mas o resultado vai depender do material genético do casal. Também não há 100% de garantia de que, após uma ou várias tentativas de tratamento de reprodução assistida, a pessoa consiga engravidar.
4 – “Tenho medo de fazer a fertilização in vitro, pois não quero ter gêmeos ou trigêmeos”.
MITO – A fertilização in vitro não permite que você opte por uma gravidez múltipla, porque não se tem certeza sobre quais embriões serão implantados. Importante saber que a gravidez múltipla pode resultar em riscos para a gestação, tanto para a mãe quanto para o feto. Nas gestações gemelares há maior incidência de aborto, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, crescimento intrauterino restrito, prematuridade e, como consequência, a morbimortalidade fetal e neonatal é maior. A principal preocupação é que a gravidez resulte em um filho sadio em casa.
5 – “A idade do homem não importa muito para a gravidez e não acarreta risco nenhum para o bebê”
MITO – Ao contrário do relógio biológico da mulher, a diminuição das características dos espermatozoides do homem ocorre mais tarde. Mesmo assim, é importante saber que a idade do homem repercute na fertilidade. O homem produz esperma durante toda a sua vida. Mas a passagem do tempo pode causar alterações no espermograma, assim como oxidação do esperma, reduzindo a capacidade de fertilização do sêmen. Em outras palavras, a potência diminui consideravelmente com a idade e, com ela, a fertilidade masculina. Alguns estudos apontam que doenças mentais e malformações do bebê estão associadas à idade paterna.
6 – “O congelamento de óvulos é uma excelente forma de preservação da fertilidade, apesar de não ser uma garantia de gravidez”
VERDADE – O congelamento de óvulos é uma técnica de reprodução assistida que permite preservar a fertilidade feminina. A mais comum é o congelamento dos óvulos quando a mulher ainda está fértil, período quando elas têm mais chances de planejar o futuro. Por fim, é preciso estar ciente de que a preservação da fertilidade não é garantia de uma gravidez posterior. Com esse procedimento, a capacidade fértil de uma mulher é preservada, mas o óvulo deve ser fertilizado por um espermatozoide para se tornar um embrião que possa se desenvolver de forma saudável no útero até o parto.