Todos os anos, aproximadamente 21 mil bebês precisarão de alguma intervenção cirúrgica para correção das malformações cardíacas, que estão entre as que mais matam na infância. Ecocardiograma fetal é o principal exame para o diagnóstico precoce da condição.
A cardiopatia congênita é uma doença que consiste na anormalidade na estrutura ou função do coração e uma das principais causas de morte neonatal no País. Segundo dados do Ministério da Saúde, um a cada 100 nascidos vivos no Brasil tem alguma cardiopatia: aproximadamente 21 mil bebês precisarão de algum tipo de intervenção cirúrgica para sobreviver e 6% morrem antes de completar um ano de vida. Para alertar sobre a enfermidade durante o período gestacional e os meios de diagnosticá-la precocemente, 12 de junho é marcado como o Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita.
Estatísticas mundiais apontam que menos de 50% dos casos cirúrgicos são descobertos no pré-natal, o que é muito importante para reduzir a mortalidade e melhorar o desfecho clínico. Alguns casos de cardiopatias congênitas podem ser diagnosticados no ultrassom morfológico. No entanto, o exame mais indicado, já que detecta de 70% a 90% dos casos, é o ecocardiograma fetal, que deve ser realizado entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
Na maioria das cardiopatias congênitas a causa não é identificada, pois podem incluir vários fatores: genéticos, uso de medicamentos e drogas, doenças maternas – diabetes e lúpus -, e infecções virais. Também são considerados mais susceptíveis às cardiopatias congênitas os bebês que têm diagnóstico de doenças cromossômicas, como a síndrome de Down. Essas enfermidades podem interferir no momento da formação do coração fetal, que ocorre nas primeiras oito semanas de gravidez.
Entre as malformações mais comuns estão as comunicações interatriais e as comunicações interventriculares, além de defeitos mais complexos como a tetralogia de Fallot e a transposição das grandes artérias. Os sintomas são falta de ar, cansaço, ponta dos dedos e lábios azulados, modificações no formato do tórax, sudorese e, no caso dos bebês, cansaço entre as mamadas, sudorese e queda do teor de oxigenio na circulação.
“Essas malformações ocorrem devido a falhas no desenvolvimento embrionário de uma estrutura cardíaca normal. Com isso, o desenvolvimento estrutural e funcional do restante do sistema circulatório pode ficar comprometido”, afirma Dr. José Cícero Stocco Guilhen, especialista em cirurgia cardiovascular.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce das cardiopatias congênitas pode ser feito ainda na vida fetal. Os exames de ultrassom morfológico realizados rotineiramente nos primeiro e segundo trimestres gestacionais fazem o rastreamento da malformação no coração do bebê. Se existir suspeita de alguma anormalidade, o segundo passo será realizar um ecocardiograma do coração do feto. “O melhor período para realização do exame é entre 24ª e 28ª semana de gestação, mas se houver algum fator de risco mais importante, como anomalia cromossômica já detectada, pode ser realizado antes, por exemplo, com 16 semanas”, destaca Dra. Marina M Zamith, cardiologista pediátrica.
Por isso, é fundamental acompanhar a saúde do bebê antes mesmo dele nascer. Neste serviço, uma equipe multiprofissional especializada realiza desde consultas de acompanhamento de rotina até os mais sofisticados exames. “Diante da descoberta de qualquer problema, como uma cardiopatia congênita, o acompanhamento da gestação será mais intenso para que a saúde e o bem-estar do bebê e da mãe sejam preservados com o máximo de segurança possível”, afirma Dr. Guilhen.