O empreendedorismo é uma paixão arraigada no coração do brasileiro, de norte a sul do país. Pessoas motivadas pelo desejo de realizar seus sonhos e construir um futuro promissor abrem novas empresas a cada dia, porém muitos sonhos tornam-se pesadelos.
No entanto, apesar do entusiasmo e da disponibilidade de informações sem precedentes na era digital, a estatística permanece desafiadora: a cada cinco empresas que abrem no Brasil, apenas uma sobrevive. Por que isso ainda acontece em plena era da informação?
Dados do Mapa de Empresas, elaborado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), registraram a abertura de 3.838.063 novas empresas e o fechamento de 1.695.763 empreendimentos em 2022.
De acordo com a especialista em reestruturação financeira Dra. Kélen Abreu, há sete fatores que devem ser considerados ao iniciar uma atividade empresarial, sendo que o principal pode ser atribuído à falta de um planejamento adequado. Muitos empreendedores começam suas jornadas sem um plano de negócios sólido, que inclua análises de mercado, estratégias de marketing, projeções financeiras e gestão de riscos. “Sem uma estruturação apropriada, as empresas ficam vulneráveis a incertezas e dificuldades que podem levar ao fracasso: construir um negócio não é somente abrir um CNPJ”, revela.
Outro desafio, senão o principal, enfrentado pelos empreendedores é a questão financeira. Abrir e manter um negócio requer investimento, e muitas empresas não conseguem obter capital inicial adequado ou enfrentam problemas de má gestão dos recursos disponíveis. “Além disso, a obtenção de financiamento adicional pode ser um obstáculo para o crescimento sustentável do negócio, normalmente a partir de uma necessidade e não de uma oportunidade são abertas as maiorias das empresas no Brasil”, aponta Kélen.
O salário deste novo empreendedor não virá no quinto dia útil. Com muitas contas para pagar, sem reserva, ele começa a sacar do próprio negócio para sobreviver e a bola de neve começa aí porque ele está sem clientes, capital, dinheiro ou qualquer tipo de reserva para custear suas despesas. “O empréstimo bancário passa a ser uma opção, porém sem clareza nos números passa a viver não mais a corrida dos ratos mas rumo à corrida dos leões, pois agora as contas são maiores”, diz a especialista.
A concorrência acirrada é um terceiro fator que impacta a sobrevivência das empresas. A era da informação proporcionou acesso facilitado a conhecimentos e recursos, o que resultou no surgimento de uma quantidade significativa de novas empresas em diversos setores. Embora tenha espaço para todos no mercado, essa competição intensa dificulta a diferenciação e a conquista de clientes, pois este empreendedor muitas vezes não tem nem tempo para focar nisso, pois muitas vezes está sozinho com tantas coisas para cuidar. Oferecer uma proposta de valor única e relevante é desafiador.
A falta de experiência e conhecimento específico do setor também desempenha um papel na taxa de mortalidade das empresas. “Muitos empreendedores têm ótimas ideias, mas podem não ter experiência suficiente na área em que desejam atuar e nas mais diversas que envolvem gerenciar um negócio. A falta de conhecimento sobre gestão empresarial, marketing, finanças e outras áreas críticas pode levar a decisões inadequadas e prejudicar o desempenho do negócio”, revela a especialista.
No Brasil, as regulamentações complexas são obstáculos adicionais. Após a abertura do cnpj existem uma série de licenças, obrigações que pelo desconhecimento o empreendedor deixa de cumprir, correndo risco de multas.
Uma empresa precisa de clientes fiéis e lucro para sobreviver, não adianta ter um negócio que não tenha receita e que não se tenha lucro suficiente para justificar toda a dedicação do empreendedor. E estes dois pontos muitas vezes negligenciados levam ao fim do grande sonho, ou seja, não vender e vender sem ter lucro. Muitos podem até vender, mas quando vão fazer as contas efetivamente percebem que estão simplesmente trocando moedas. O ponto está em entender a estrutura de custos e despesas da empresa, nunca esquecendo dos impostos, que fazem parte do jogo. “Infelizmente, muitas vezes tenho que dar a má notícia”, afirma Kélen.
Não saber se o preço que está vendendo o produto justifica a estrutura e o lucro desejado, são riscos que se se mitigados no início evitariam muitos negócios de serem fechados, ou talvez nem fossem abertos.
Entretanto, se os empreendedores fossem avaliar tudo antes de abrir um negócio talvez não abrissem. “Procure alguém que possa confiar os números e acompanhá-los desde o início do negócio. Atualmente, sistemas de gestão financeira são de fácil acesso e profissionais como BPOs Financeiro também estão prontos para apoiar cada um na operação financeira e ter a certeza de dados confiáveis auxilia na tomada de qualquer decisão”, aponta a especialista.
Embora a era da informação tenha proporcionado acesso a recursos e conhecimentos valiosos, esses fatores mencionados ainda representam desafios significativos para os empreendedores brasileiros. “ É importante focar em três pontos para crescer de forma segura e lucrativa em qualquer negócio, o que denomino de PPT: Pessoas, Processos e Tecnologia”, finaliza.
Sobre a Dra. Kélen Abreu:
Dra. Kélen Abreu é especialista em Reestruturação Financeira e BPO Financeiro há mais de dez anos, também é mentora e referência em gestão de empresas. Realiza consultorias e treinamentos para formar BPOs Financeiros pelo Brasil. Com experiência no Brasil, Estados Unidos e em Angola focada em construir negócios lucrativos. Empreendedora serial, também coordena a equipe do Gerente Financeiro Online e Lucros Reais, empresas que prestam serviços de BPO Financeiro para diversas empresas de forma totalmente remota. É fundadora do Iuli, uma plataforma de gestão financeira que dá o poder da clareza e simplicidade nas finanças e veio para que a planilha financeira seja abandonada para gerenciar os negócios dando segurança e rastreabilidade nos dados.
Tem como missão diminuir a mortalidade das empresas brasileiras através do compartilhamento de conhecimento sobre finanças, formação de mulheres, BPOs e ferramentas para auxiliar a vida do empreendedor.
Além de ser doutora em educação, mestre em administração estratégica pela UDESC, especialista em BSC, mapeamento de processos e finanças, é também graduada em administração pela UFSC.