Neste domingo (14) é Dia das Mães, data simbólica no calendário que homenageia a figura familiar materna que não mede carinho e nem amor pelos filhos. No mês dedicado a elas, a Unoeste estende as homenagens a todas as mamães que transitam pelos seus campi, alunas ou funcionárias. E dentre tantas histórias, conta a da Sterlane de Castro Ferreira, de 54 anos. Ela é aluna e começou a fazer o curso de Zootecnia EAD semipresencial na Unoeste junto com o filho primogênito Ítalo Marcell Rodrigues Castro, de 33 anos, por um motivo especial: em abril de 2018 ele teve os estudos interrompidos após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) quando cursava medicina fora do país. Na época, um baque para a família que há cinco anos o acompanha em sua reabilitação.
Mas a mãe que não entrega os pontos, entende as limitações impostas pelo AVC, e acredita sobretudo no potencial do filho, cultiva a esperança de dias melhores. Ela enxerga a Educação como grande aliada nesse processo, e a Unoeste como o ponto de partida para o recomeço de uma história com final feliz.
Ítalo sofreu o AVC quando tinha 27 anos. A mãe revela que retornar ao ensino superior era um dos sonhos do filho, já que o primeiro, o de se tornar médico, acabou sendo interrompido pelo triste episódio.
“Ele sempre gostou da área biológica, todavia retornar a faculdade de medicina não seria uma opção porque onde moramos, em Miracema do Tocantins, no Tocantins, não tem o curso de medicina e nenhum outro na área biológica. E hoje ele não tem condições de morar sozinho e se deslocar para a faculdade sem ajuda. Então o curso de zootecnia foi uma opção que a família encontrou para trazer mais ânimo e esperança de dias melhores para o Ítalo, aliado ao fato de que temos fazenda e ele poderá exercer a profissão dentro da nossa propriedade. E a escolha na modalidade EAD semipresencial foi por causa das limitações que ele está sofrendo pelo AVC”, contou.
A liberação pelos médicos e terapeutas que permitiu o Ítalo voltar a estudar faz parte do processo de reabilitação, mesmo que até hoje ainda não tenha sido descoberto o motivo do AVC que ele sofreu. O ítalo não tem nenhuma doença de base, por isso os médicos acreditam que por ele ter um índice alérgico elevado, portando dermatite atópica desde o nascimento, responsável pela inflamação no organismo, pode ter sido esta uma das causas. E o que trouxe essa família tão guerreira a Unoeste?
“Buscamos a Unoeste pelas notas conquistadas junto ao MEC, por ser considerada a 2ª melhor universidade particular do Estado de São Paulo, bem como por oferecer o curso de Zootecnia EAD semipresencial. A estrutura e o corpo docente foram a cereja do bolo, visto que os nossos professores são doutores e pós-doutores. O ambiente virtual também é bastante interativo, superando e muito de outras universidades”, revelou Sterlane.
Superação dia após dia
Mãe e filho ainda estão no primeiro termo, terão mais nove pela frente já que o curso tem cinco anos de duração e é o primeiro a ser ofertado no Brasil nessa modalidade de ensino. A Sterlane já possui outras graduações. A primeira formação superior dela foi no curso de Direito, e depois em Teologia e Gestão Pública. Em palavras, ela externou como é administrar esse novo desafio de vida pra ela e em especial para o filho.
“Foi tudo muito difícil e está sendo difícil administrar essa situação. Só Deus para nos dar forças nesse processo. É muito triste ver o seu filho estar deficiente e sem condições de se comunicar, tendo em vista que o AVC trouxe ausência de movimentos do lado direito e afasia, que é uma condição em que os neurônios responsáveis pela fala morrem e ele não consegue se comunicar como antes. Contudo sou grata a Deus por haver nos poupado de enterrar o nosso filho visto que ele ficou cinco dias sem atendimento, caído no chão do apartamento, sozinho e sem socorro algum. Muitos morreram por bem menos tempo. Ele é um guerreiro e lutou pela vida até o socorro chegar”, relembra.
Do episódio pra cá, a mãe lembra que o filho vem apresentando melhoras dia após dia. “Ele melhorou muito do momento do AVC. Quando ele saiu da UTI ele não andava, tive que trazê-lo para o Brasil em uma UTI aérea pela dificuldade no deslocamento. Hoje ele anda, não como antes, mas se desloca pra todo lugar que for necessário. Ele se cuida sozinho, como a higiene pessoal, medicação e não tem dificuldade em se alimentar. Continua se recuperando e em reabilitação com fonoaudióloga e neuropsicopedagoga que o auxilia nas atividades da faculdade. Infelizmente ele não consegue utilizar o membro superior direito e não consegue se comunicar como antes, não consegue expressar utilizando os vocábulos da língua portuguesa e sim com gestos”, detalhou sobre esse processo lento, mas de evolução.
Aulas presenciais sempre motivam mãe e filho que querem se tornar especialistas na área para que possam gerir fazenda da família (Foto: Ector Gervasoni)
Sonho de mãe e que não se mede
A mãe e colega de turma do Ítalo contou que ele está gostando muito da experiência de estudar na Unoeste, de vir a Presidente Prudente quando as aulas são presenciais. Nas palavras dela, “ele se sente motivado”. “Ele está se sentido vivo”, completou Sterlane que sonha em ver o Ítalo totalmente reabilitado, cumprindo seu papel perante Deus, família e sociedade.
“Louvo e agradeço a Deus todos os dias por poder ver o meu filho e abraçá-lo. Nem tudo são flores e desafios na vida sempre teremos. E essa é a nossa peleja, a qual pretendo vencê-la com a ajuda de Deus. Sou uma mãe bem presente e preocupada, não posso permitir que o Ítalo não tenha uma profissão e perca as esperanças de uma vida equilibrada. Ser mãe é a dádiva mais sublime que Deus proporcionou a mulher. Somos capazes de fazer qualquer coisa pelos nossos filhos porque o amor que sentimos por eles é infinito e resiliente. É o laço de amor mais indissolúvel e profundo que existe. Ser mãe é um sentimento que atravessa o seu corpo e deixa marcas na sua alma. É uma missão maravilhosa que nos foi concedida por Deus: criar nossos filhos para que eles se tornem cidadãos de bem e sirva o seu próximo”.
E para todas as mamães que querem voltar aos estudos, mas impõem razões e/ou problemas diversos adiando por vezes essa vontade, ela deixa uma mensagem com propriedade de quem sabe o que é dificuldade na vida. “A mensagem que deixo para todas as mães é que nunca desistam de seus filhos e sempre façam o máximo para auxiliá-los nas adversidades da vida, mesmo porque a vida pode nos dar sustos inimaginários. Somos nós que colocamos nossos limites e querer realizar algo basta decidir e empreender esforços para finalizar. As adversidades na vida ocorrem para que sejam vencidas e estudar é um privilégio que muitos desperdiçam. Os dias passam do mesmo jeito, decidam viver esses dias com alguma conquista. Eu amo estudar, nunca tenho preguiça para aprender e alargar os horizontes. Eu pretendo exercer a profissão de zootecnista junto com o Ítalo quando me aposentar, após concluir o curso na Unoeste. Se permitam sonhar e realizar. É gratificante”.
Sterlane: significado de amor
Com ajuda da sua neuropsicopedagoga, o Ítalo concedeu entrevista e disse que sentiu total apoio por parte de seus pais para retornar aos estudos, principalmente da mãe. “Depois que passei no vestibular, chamei minha mãe para fazermos a faculdade juntos e ela topou. Sabia que ela ia topar. Foi bem tranquilo, normal porque minha mãe não acha difícil ou complicado tirar mais um diploma”. O rapaz também externou o sentimento dele em ter uma mãe forte a exemplo da Sterlane. “Significa amor, cuidado, zelo, tranquilidade emocional, paz espiritual e proteção, em quem eu posso confiar que me auxiliará nas pelejas da vida”, completou.
Ítalo também falou sobre a mãe que se tornou colega de turma. “Me sinto privilegiado porque tenho uma colega de classe que é minha mãe, pra quem não sabe é muito bom. Ela me ajuda a organizar o tempo e o conteúdo a ser estudado para que eu consiga ser aprovado nas disciplinas. Fazemos exercícios e trabalhos juntos, mas cada um estuda sozinho”. Quanto aos sonhos, revelou ter vários para ainda serem alcançados. “Ser capaz de gerenciar várias fazendas, além da nossa propriedade, e depois fazer Agronomia e Medicina Veterinária”, concluiu.