O autor mais querido de crianças e jovens brasileiros, Maurício de Souza, autor de mais de 400 personagens e que já vendeu mais de 1 bilhão de gibis no mundo da Turma da Mônica e que através dos gibizinhos incentivou milhões de crianças a se interessarem pelo mundo literário foi agredido verbalmente pelo jornalista James Akel, autor de apenas um livro, quando este afirmou que “gibi não é literatura”.
Akel que tem a obra literária “Marketing Hoteleiro com Experiências” (Edicon, 2001), cuja a quantidade de obras vendidas não tem divulgadas, desmereceu em entrevista à revista Veja, o trabalho literário de Maurício de Souza.
Em entrevista para a jornalista Claudia Castelo Branco, do g1 SP, o cartunista e escritor se posicionou sobre o fato.
Foto: Reprodução
“Fiquei surpreso e emocionado.” De volta ao Brasil após duas semanas no Japão, Mauricio de Sousa conversou com exclusividade com o g1 sobre a repercussão que sua candidatura à Academia Brasileira de Letras (ABL) tomou nos últimos dias. O escritor e desenhista concorre à cadeira 8 da ABL, que era ocupada pela acadêmica Cleonice Berardinelli.
Mauricio simplesmente riu quando questionado sobre o assunto. Contou como a internet reagiu em sua defesa, bem como fãs, colunistas, autores e jornalistas.
Segundo um membro da Academia Paulista de Letras (APL) que prefere não se identificar, o ataque a Mauricio foi uma tática “para aparecer”. Aos 87 anos, Mauricio é o único quadrinista do mundo a integrar uma academia de letras – no caso, a APL. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) apoiou seu nome na eleição do dia 27.
Nos bastidores, o filólogo Ricardo Cavaliere é o favorito à cadeira 8. O imortal Paulo Coelho, por exemplo, declarou voto em Mauricio. “Caso Mauricio de Sousa resolva levar até o final sua candidatura para a ABL, ele pode ter certeza do meu voto. O momento é agora.”
Veja a entrevista com o escritor:
O senhor ficou abalado com a crítica?
Absolutamente, não. Fiquei até assustado com a dimensão que tomou pela repercussão positiva. Significa que não errei tanto.
Quadrinhos são literatura?
São revolucionários porque ficam entre a literatura e as artes gráficas. Eisner [Will Eisner, quadrinista norte-americano] me fez sentir que a linguagem dos quadrinhos é uma revolução de ideias. E com os quadrinhos tudo é possível.
Como foi sua visita à ABL?
Foi muito bonita. Fui recebido pelo presidente da Academia, muito simpático. Pedi licença e entreguei um volume recém-lançado do Horácio. Um dos acadêmicos me surpreendeu com uma ilustração que fiz e já não lembrava. Os imortais falando o nome dos personagens que criei, foi lindo.
Nas redes sociais, uma leitora disse que nenhum dos candidatos criaria um personagem com a complexidade do Cebolinha.
Ele tem muitos planos infalíveis e faz muita confusão. Personagens são como pessoas, têm suas características marcantes, também mudam com o tempo.
Qual personagem foi o mais mencionado na sua visita à ABL?
O Cebolinha.
Dizem que nenhum autor movimentou tanto uma eleição na ABL. Algum comentário?
Isso não posso provar, mas quer dizer que meu trabalho provoca alguma reação nas pessoas.
Mauricio de Sousa: obra do cartunista chega a 30 países. — Foto: Claudio Belli/ Divulgação MSP
E as novidades?
A história da minha vida vai virar filme. E o Martin, meu neto, está cada dia mais esperto.
Mais de 60 anos de histórias
Mauricio de Sousa quebrando a quarta parede — Foto: Reprodução
- Horácio é o alter ego de Mauricio. Apenas ele desenha e escreve histórias do personagem. Com o Horácio, aprendeu que conseguia criar por instinto. “Começava a desenhar e não sabia como terminaria. Magia que só a literatura proporciona.”
- Em 2022, a Mauricio de Sousa Produções (MSP) vendeu mais de 12 milhões de gibis e mais de 2 milhões de livros.
- Quem convive com o pai da Turma da Mônica sabe que Mauricio é determinado. “Ele quebra paredes há décadas”, brincou Sidney Gusman, editor da MSP.
*Com informações: Sugestão de Pauta e g1 SP