BRASÍLIA – Ao rebater hoje a gritaria de petistas contra a nota técnica do Comitê de Política Monetária (Copom) que alertou para necessidade de aprovação de uma âncora fiscal crível para fazer baixar os juros, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) disse que o presidente Lula e seus aliados erram ao usar a autonomia do Banco Central e seu presidente Roberto Campos Neto como bode expiatório para mascarar o fato de que, após 90 dias de governo, continua patinando na economia, também em relação a outra promessa de campanha, a reforma tributária.
Hoje houve forte impacto negativo nos juros futuros, retração da bolsa e aumento do dólar com o vazamento de informação dando conta de que o único projeto de âncora fiscal que Lula aceita apenas define um piso de gastos, mas sem teto.
Plínio disse que, por trás dos “espasmos de integrantes do Governo”, está a errônea convicção de que, ao baixar artificialmente os juros, o Banco Central propiciará uma onda de crescimento econômico : todo mundo ganhará dinheiro, haverá emprego à vontade, e, assim, miraculosamente, demanda e oferta se equilibrarão, acabando com a inflação, e o Banco Central estará apenas cumprindo sua obrigação, pois, entre as suas missões, está fomentar o pleno emprego.
“É um quadro lindo, é um quadro bonito, só que é completamente irreal. O primeiro Governo Lula – e aqui vai um elogio ao primeiro Governo Lula -, nos idos de 2003, mostrou tudo isso com extrema clareza quando executou essa política econômica fiscal. A receita é conhecida e já foi praticada, inclusive pelo atual presidente, é só deixar de contestar o óbvio e mostrar trabalho. Traduzindo tudo o que eu disse, é só parar de querer arrumar um bode expiatório, de escolher o Roberto Campos para bode expiatório para explicar e justificar as promessas não cumpridas de campanha, tipo picanha barata”, cobrou Plínio Valério.