Um incêndio nas instalações do Instituto Nacional de Migração em Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos, deixou pelo menos 40 mortos na noite desta segunda-feira, segundo confirmou o Instituto Nacional de Migração(IMM).
As vítimas são migrantes, a maioria da Guatemala, que foram detidos nas instalações do centro federal. Eles haviam sido presos no mesmo dia na cidade fronteiriça e aparentemente estavam dentro de quartos trancados com cadeados, segundo uma fonte do Governo do Estado de Chihuahua disse ao EL PAÍS.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, atribuiu o incidente ao fato de que os migrantes queimaram esteiras em protesto quando pensaram que seriam deportados. Há pelo menos mais 28 feridos em estado “grave”, segundo o INM, que foram transferidos para seis hospitais da localidade.
Agentes do Instituto Nacional de Migração detiveram mais de 70 pessoas em Ciudad Juárez na segunda-feira por supostos distúrbios nas vias públicas. A mídia local informou que os migrantes vendiam artesanato ou pediam dinheiro, motivo pelo qual as autoridades queriam retirá-los das ruas.
Após a prisão, eles foram instalados em várias celas do posto de imigração, que não é um abrigo, como apontou o presidente na terça-feira, mas um prédio onde os migrantes são mantidos.
Na mesma segunda-feira, por volta das 21h30, o incêndio começou. López Obrador destacou em sua conferência que os migrantes “ficaram sabendo que iam ser deportados”: “Em protesto, colocaram esteiras na porta do abrigo e atearam fogo. Eles não imaginavam que isso iria causar esse terrível infortúnio.
O fogo começou na área masculina e se espalhou a partir daí, segundo o governo do estado. Todas as vítimas mortais são homens: 37 morreram no local e outros dois perderam a vida no Hospital Geral. Quinze mulheres “sem ferimentos” também foram evacuadas do prédio da imigração, segundo o Executivo de Chihuahua.
No total, 83 migrantes e sete funcionários foram evacuados.
O Instituto de Migração da Guatemala afirmou que 28 dos 40 mortos são da Guatemala. Além disso, a Procuradoria-Geral da República, que realizou a investigação, confirmou que entre as vítimas há 13 hondurenhos, 12 venezuelanos, 12 salvadorenhos, um colombiano e um equatoriano, mas não especificou quais dessas pessoas estão feridas e que são mortes.
O ministro das Relações Exteriores da Guatemala, Mario Búcaro, indicou em entrevista coletiva que os falecidos de seu país já foram totalmente identificados, pois foram entrevistados antes do incidente naquele mesmo posto de imigração por “pessoal consular”. Ele afirmou que não há menores de idade entre as vítimas. “As famílias estão certas de que faremos todo o possível para trabalhar de mãos dadas com o México, primeiro para descobrir o que aconteceu, depois para encontrar os responsáveis e buscar um julgamento, punição e reparação”, disse Búcaro, que garantiu que o guatemalteco governo vai se encarregar da repatriação dos corpos.
*Com informações: El Pais Mexico (revisão de tradução Milena di Castro)