O Instituto Trata Brasil, em parceria com GO Associados, publicou o Ranking do Saneamento 2023 com o foco nos 100 maiores municípios do país e a capital da Amazônia, Manaus ficou em 12º lugar das 20 piores do Brasil.
De acordo com o ranking, a capital amazonense atende 97,5% das residências com água, porém apenas 25,45% destas têm atendimento de esgoto e 21, 58 % possuem tratamento de esgotamento sanitário.
O impacto é visível nos igarapés, que outrora eram chamados de “balneários públicos” como as cachoeiras do Tarumã: Cachoeira Alta, Tarumãzinho, cachoeira das Almas; o famoso balneário do Parque 10, Igarapé do Mindu, Igarapé do 40, Ponte da Bolívia e tantos cartões postais que perdemos ao longo dos anos para a poluição e impropriarão para banho e pesca.
Culpa do poder público? Também, mas não podemos culpar somente governantes quando o principal vilão é a pessoa que joga lixo nas ruas e igarapés.
Com as fortes chuvas, a cada ano há mais inundações severas em locais que antes não inundava. Muitas vezes devido ao assoreamento dos leitos de rios e igarapés com a somatória do acúmulo de lixo em bueiros e encostas (barrancos), com a terra não compactada pelo lixo acaba ocorrendo deslizamentos, como o fatídico no bairro do Jorge Teixeira, que vitimou 8 pessoas, no último 12 de março.
A cidade conhecida como a “Paris dos Trópicos”, por seu projeto em formato de tabuleiro de xadrez e seus prédios com a arquitetura parisiense, foi pensada pelo governador Eduardo Ribeiro para atender uma população de 15 mil habitantes, quando ainda não tinha nem 2 mil. O Reservatório do Mocó utilizado até hoje é herança dos tempos Áureos da Borracha, assim como as galerias do Centro Histórico de Manaus.
De lá para cá, o desornamento habitacional com grandes invasões e destruição de suas matas nativas agravam e o poder público acaba não conseguindo atender a demanda do saneamentos nos “novos bairros”, nem nos antigos.
A cidade situada às margens do Rio Negro, um dos principais afluentes do Rio Amazonas possuí quatro grandes bacias hidrográficas: Tarumã-Açu, São Raimundo, Educandos, Puraquequara. Com suas bacias afetadas pela poluição e a do Educandos que possui um dos maiores igarapés – o do 40 – estudos apontaram que há presença, inclusive, de metais pesados e pouca oxigenação.
O Dia Mundial da Água foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 22 de março de 1992, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a importância da água para a vida humana e para o meio ambiente. Desde então, a cada ano, são promovidas diversas atividades em todo o mundo para marcar a data e alertar para os desafios relacionados à gestão sustentável dos recursos hídricos.
Esperamos que a pesquisa sirva de alerta não só neste 22 de março e sim para que nossa cidade possa buscar nas políticas públicas investimentos e projetos severos, além de promover educação ambiental dentro das escolas e campanhas publicitárias para seus munícipes. E que igarapés como o Água Branca não seja esmagado pela poluição. E quem sabe possamos novamente espelhar-nos na França com o Rio Sena despoluído e que assim nossa “Paris dos Trópicos”, possa ter seus balneários públicos com águas transparentes novamente.
Veja a pesquisa completa: